Respeitar os nossos limites

Sempre me considerei uma mulher multitarefas, daquelas que vivem a vida em uma correria absurda, abraçando mil ideias ao mesmo tempo, inventando algo novo para se ocupar, e depois surtando, pois querem tudo pra ontem! O título de “agilizada” naturalmente me caiu muito bem, afinal, produtividade e eficiência sempre foram meu lema. O que eu não enxergava, porém, era que realizar tantas atividades ao mesmo tempo, só servia para me deixar mais ansiosa, mais improdutiva, e muito, mas muito mais estressada.

 “Pôxa, Bru! Relaxa mulher, você precisa respeitar seus limites”!

Que limites existem eu sempre soube, sempre acreditei, no entanto, que todos eles poderiam ser superados, custasse o que custasse, doesse a que doesse! Acho que parte dessa crença vinha dos livros de auto-ajuda que li durante a vida; são ótimos, diga-se de passagem: alguns deles podem realmente mudar a sua vida. Mas talvez eu tenha enfatizado demais aquela parte que dizia mais ou menos assim: “O céu é o limite para todos aqueles que têm a atitude certa. Se o sonho é seu, você é responsável por jamais desistir! Portanto, quebre barreiras, ultrapasse limites, vença suas dificuldades, ponha-se à prova“.

Se existe concepção mais motivacional que esta, eu sinceramente desconheço. Então, todas as manhãs, eu repetia para mim mesma um mantra a ser internalizado: “Bruna minha cara, esse mundo é muito louco! Você precisa ser forte, persistente, corajosa, determinada! Não! A vida não ficará mais fácil, erga a cabeça e mostre a que veio!

Em seguida, escolhia a melhor roupa preta dentre as milhares e milhares que habitam o meu armário, pintava os lábios de vermelho e saía para a guerra. Nada poderia me deter! Super Bruna, ativar!

Só que chega um momento em que não dá mais para continuar fantasiando que você é uma super heroína com poderes extraordinários. A bem da verdade, sempre achei que heroínas costumam suportar muito mais do que deveriam; além disso, estão invariavelmente sobrecarregadas e não dão a menor sorte no amor. Mulher Maravilha que me perdoe, mas estou fora! Sou humana e erro muito! Eu não consigo ser perfeita, tenho meus medos, minhas falhas e limitações.

Reconhecer e proteger os nossos limites são princípios básicos para mantermos nossa saúde e bem-estar. Porque depois que o sistema entra em pane minha amiga, é ladeira abaixo! Corpo e alma adoecem, e nenhum super-herói vai aparecer pra te salvar desse vilão, não!

Respeitar-se talvez seja a missão mais importante das nossas vidas! Não vou dizer que seja fácil, eu mesma vivo escorregando e passando do ponto. Mas o importante é lembrar que quando conquistamos este tão alardeado amor-próprio, nada e ninguém neste mundo serão capazes de ofuscá-lo, além de nós mesmos. Então, fique atenta ao que você faz consigo mesma, não o que supostamente os outros fazem com você!

Por Bruna Andrade
08/07/2021 20h29