Pai, pau ou pão, o que você digitou afinal?

Quem nunca passou uma vergonha com o corretor ortográfico?

Pai, pão e pau. Ele não sabe qual é qual. “Pai de queijo”, “manda parabéns pro seu pau”, “pão pra toda obra”. É uma vergonha atrás da outra. E aí sempre aparece aquele primo correspondente do Techtudo pra explicar que o corretor é inteligente e só repete aquilo que a gente mais digita.

Tenho minhas dúvidas sobre a capacidade de aprendizagem do corretor. Tem palavras que eu nunca digitei e que já deram o ar da graça nas minhas conversas. Um dia larguei um “meu sonho era viver no cio”. De pretensa carioca virei cadela porque o corretor achou que sabia mais dos meus planos do que eu.

Ontem escrevi “exercendo meu direito” num story e ele simplesmente achou que combinava mais um “excedendo meu direito” e ficou. Só vi horas depois e deixei daquele jeito porque o corretor tinha razão. Eu estava me passando mesmo.

Teve também a mensagem mega positiva que eu enviei “boa sorte, que Deus te elimine”. Nessas horas não adianta corrigir com um *ilumine. A pessoa, que já estava insegura, lê isso e pensa: é um sinal, um presságio. Não tem como corrigir a carga energética negativa que o corretor gerou nesse momento.

E quando o corretor toma partido em uma discussão? Você ta puta da cara. Querendo matar a pessoa que está do outro lado. Daí, na hora que não aguenta mais e decide romper a barreira da cordialidade pra botar pra fora o que está sentindo, vem o corretor e corrige sua fala para um “vai tomar no meio do seu céu”. Acabou. O corretor destruiu qualquer possibilidade de continuidade dessa briga. Quem já estava puta, fica mais puta ainda, enquanto o emputecedor se enche de razão. É de cair o céu da bunda!

Mas tenho que dar o braço a torcer. O corretor é metido a sabe tudo, me coloca em roubadas às vezes, me mata de vergonha, só que já me ajudou a tomar decisões. Fui chamada para um trabalho e estava muito na dúvida se aceitava ou não o emprego. Tudo eu analisava, pesava, refletia para conseguir decidir. Aí marquei uma última conversa pra dar a resposta. Escrevi: “até amanhã, às nove”. A pessoa tentou responder “bacana” mas o corretor providenciou um “bacanal”.  Eu hein! Vai que o primo Techtudo tem razão e o corretor é safo na repetição de palavras. Declinei da proposta por e-mail mesmo.

E você, que apuro já passou com o corretor? Conta aí.

Por Luciane Krobel
17/05/2021 10h44