O que é a Psicogenealogia, afinal?

Você já fez a sua Árvore Genealógica? Sabe quem são seus antepassados e as histórias que eles viveram?

Na atualidade tanto se prega o autoconhecimento e o conhecer a si mesmo, incentivando-nos a uma viagem ao nosso interior a as profundezas de nosso âmago, o que é extremamente importante e significativo, mas esta busca somente será completa e verdadeira se, alem, de viajarmos para dentro, também viajarmos para traz!

Nossas vidas em família e em sociedade são organizadas e estruturadas através de regras e normativas, nem sempre tão claras ou visíveis como deveriam ser. A forma como pensamos, trabalhamos, como nos relacionamos e casamos (ou não), e até mesmo como manifestamos as nossas emoções são determinadas pelo grupo através de padrões aceitáveis ou condenáveis. E como membros destas comunidades de destino, nosso inconsciente coletivo aceita estas regras e continua a reproduzi-las, pois desejamos profundamente fazer parte daquele grupo.

Nas nossas famílias também é assim. Existem regras e condicionamentos invisíveis que devem (e na maioria das vezes o são!), ser seguidos pelos membros do clã. Estas regras nos são transmitidas imperceptivelmente desde que nascemos, por nossos pais e demais familiares, no intuito de manter a ordem das coisas e nos adequar ao grupo como um membro aceitável.

A partir deste preceito, nossa alma entende que para pertencer ao grupo eu devo agir de um determinado jeito em detrimento de outros jeitos possíveis. E passamos a construir nossa história a partir destas crenças e padrões familiares e sociais pré-estabelecidos por nossos ancestrais. Então, me parece aqui, que não somos tão livres assim, afinal…

É neste ponto que podemos fazer uso da Psicogenealogia para nos libertarmos destes modelos familiares pré-estabelecidos e que incutiram em nossas mentes estas crenças, sejam elas limitantes ou apenas normativas. Conhecer a origem e a história de nossos antepassados nos revela quais eram os padrões e modelos sociais adotados por eles, como lhes era permitido manifestar suas paixões e suas frustrações, agir em seus relacionamentos familiares e sociais, como deveriam manifestar-se em publico e como lhes era permitido organizarem-se em relação a trabalho e a dinheiro.

De modo inconsciente estes padrões continuam agindo sobre nós, pois, de nossos ancestrais não herdamos apenas os traços genéticos (DNA), mas também as memórias e traumas (memória epigenética). E como bons descendentes que somos, continuaremos a honrar o sacrifício de nossos ancestrais, e tal como eles, manteremos o sacrifício. Assim, somos leais e continuamos pertencendo ao grupo. Pois para a nossa alma, quem não pertence, quem não segue a regra, é excluído.

Trazer á luz sobre estes movimentos realizados no passado e olha-lhos com gratidão, honrando suas histórias e sacrifícios, é a proposta da Psicogenealogia. Quais são os padrões de lealdade que estou repetindo? Quais os mesmos sacrifícios que eu estou fazendo inconscientemente para não fugir a regra, e continuar pertencendo.

Ao compreendermos as dinâmicas que ocorreram no passado, podemos deixá-las lá, no passado, com seus verdadeiros donos, e então, a partir deste ponto, construir uma nova história, que não ofenda minha ancestralidade, nem machuque a lealdade de minh’alma, e assim, sermos por fim: Livres!

SPOILERS: Na próxima semana: Psicogenealogia na prática…

Por Kelly Von Knoblauch
25/07/2021 17h14