“Pare de ser louca”, profanou Fausto Alexandrino, filho, muso, homem maior e a razão da cantora, compositora e atriz Karine Alexandrino fortalecer a essência de “Mulher Tombada”, terceiro disco de sua carreira. Em entrevista exclusiva ao Curitiba Cult durante sua breve passagem por Curitiba para divulgação do disco, Karine conversou por pouco mais de meia hora no saguão do flat onde estava hospedada na capital.
Fausto esteve com a mãe há alguns anos em São Paulo no show de Tom Zé. Autêntico e espontâneo como um dos responsáveis da imensurável Tropicália, Fausto é o centro das atenções por onde passa. “O Tom Zé o citou no palco”, vibrou Karine. Logo o primogênito começou a narrar toda a experiência com o músico, como se fossem parceiros de longa data e excentricidades, e sua mãe disse: “Eu fiz músicas pra esse disco grávida de oito meses e eu nem conseguia respirar. Eu tive que emendar nas gravações vários trechos porque a barriga estava gigante e pressionava meu pulmão”.
Bendita entre os malditos, a antidiva encerra com o lançamento de “Mulher Tombada” a trilogia autobiográfica musical que teve início em 2002 com o álbum “Solteira, Producta” e o elogiado “Querem Acabar Comigo Roberto”, lançado em 2004. “Eu procurei fazer essa trilogia com coerência. Um personagem como a Zelda, do primeiro disco, volta com filho no terceiro. Então, tem uma ligação”.
Se a personagem tem seu passado enaltecido neste hiato de sete anos, coincidência, ou não, Fausto nasceu durante este processo. Na própria faixa Zelda Não Morreu. Quem Morreu Fui Eu, Karine questiona: “Depois de passados anos / ela se pergunta por quê?”. A resposta é simples: o fim do mundo não será uma surpresa. A frase impressa no encarte do disco e imortalizada por Karine é uma homenagem feita para uma das principais ativistas gays do Brasil, Claudia Wonder.
Karine Alexandrino se faz várias em uma única e atual artista brasileira. Muito além do tombamento, decifra-me ou te devoro não cabe a ela. Ressurge, causa, tomba, levanta e mantém sua essência. “Porque, quando cai, dói, e só tá em pé quem caiu”, diz em forma de oração.
“Mulher Tombada” começou a ser ‘escrito, concebido e sangrado em meados de 2013. Das 14 faixas do disco, apenas uma delas não é assinada por Karine: Devaneios, de Gardey Luis e Erasmo Carlos. As outras são parcerias com o produtor Dustan Gallas (Cidadão Instigado, Céu), que também é responsável pela produção do disco.
Tanto o hiato sabático do nascimento do disco quanto de seu filho, Karine Alexandrino apresenta seu grito contra a objetificação da mulher, onde a saída jamais será pela culatra e sim pela arte. Este é um tanto do imensurável disco “Mulher Tombada”. “Tombar é você dar uma trégua para o inimigo, aceitar os seus limites pra depois você enfrentar a vida”. Tanto é que assim tombamos. Eu, Fausto e, claro, Alexandrino.
ENTREVISTA
Curitiba Cult: A mídia rotula seu trabalho em diversos gêneros. Do brega ao underground. Você consegue enquadrar seu trabalho em alguma destas vertentes?
Karine Alexandrino: São várias formas de se interpretar. Eu procuro fazer uma coisa que corte, tanto que tem uma música “Se Não For Sincero, Não Quero” que é você fazer rupturas, tentar fazer, pelo menos, para não ter que fazer diluição no trabalho dos outros e copiar. Então, ser chamada de diversas coisas, eu acho até criativo, bacana. Tem algumas coisas que as pessoas não conseguem definir, assim como eu mesma não conseguiria dizer o que eu estou fazendo. Porque não parte de uma estratégia, não tem um produtor pensando atrás de mim e dizendo tudo o que eu devo fazer. O que eu faço é autobiográfico, depende das coisas que eu leio, observo, sinto. Meu trabalho não é só música, tem discurso.
Com o lançamento de “Mulher Tombada” você fecha um ciclo. Dos teus três discos, algum deles fala mais alto sobre quem é Karine Alexandrino?
Eles me definem completamente, assim como as variações. Porque nós somos múltiplos. Eu procurei fazer essa trilogia com coerência. Um personagem como, a Zelda, do primeiro disco [Solteira, Producta] volta com filho no terceiro. Então, tem uma ligação, há uma frase ou outra que eu repito. O “Querem Acabar Comigo, Roberto” o título dava aquela ideia de paranoia, as músicas falavam muito de amor. E inclusive, pode parecer pretensão mas não é. Antes da Amy Winehouse lançar em um disco dela a timbragem original dos anos 60, eu já havia feito nessas condições. Eu ouvia as girl groups e ficava fascinada pelo timbre, mixagem e voz. Então eu criei também uma voz. Uma das minhas expertises é mudar o tom da minha voz, eu sou radioatriz, também.
Como foi o processo de gravação de “Mulher Tombada”?
Eu fiz músicas pra esse disco grávida de oito meses e eu nem conseguia respirar. Eu tive que emendar nas gravações vários trechos porque a barriga tava gigante e pressionava meu pulmão. De tão grande que era a minha barriga, achavam que eu estava grávida de gêmeos. Eu cantava uma frase e parava. E assim por diante. Esse disco foi feito em vários anos, a partir de 2007. Uma parte eu fiz grávida em 2008, outra em 2011, e 2015 quando fiz a masterização e upgrade nos arranjos. Eu fiquei um ano em São Paulo para poder terminar. A arte gráfica é de um grande amigo meu, o Charles W. da agência TANQ. Ele é uma pessoa cheia de referências, maravilhoso, esperto além de pesquisador. E as fotos são do Nicolas Gondim que também é meu amigo.
Quem é esta mulher que tomba?
Eu usava salto 15 quando eu fiz parte de uma banda performática. Era backing vocal e terminei à frente da banda, olha como a gente vai evoluindo, crescendo dentro da empresa. Eu caía muito, não sei como não morri; e fazia fotos destes tombamentos. Tive um período de síndrome do pânico. Mas uma psicanalista me falou que era outra coisa, mas eu não lembro. Eu gosto dessa ideia do corpo desolado, caído no espaço, nos locais onde as pessoas não prestam atenção, não são interessadas. E tem dentro disso o renascimento e minhas experiências. Eu caí bastante, eu não tenho uma vida fácil. Até quando tá bem eu tento problematizar. Cada pessoa tem as suas influências. É como se eu estivesse retornando e de alguma maneira buscando e me consolidando.
Do atual cenário, às suas principais referências, como você tem percebido a música atualmente?
O cenário que eu tô vendo é de figurinha repetida. Sempre as mesmas pessoas, dizendo as mesmas coisas, os mesmos discos e repetindo um disco e se referenciando o tempo todo. Mas, eu ouço, Amelinha. Dá Zezé Mota o primeiro disco, Fagner é o maior artista do Brasil, Angela Rorô a melhor compositora. Mas o que eu ouço mesmo, Bach [Johann Sebastian Bach] em a “A Arte da Fuga” e as “Variações Goldberg” tocadas pelo, Glenn Gould.
Afinal, o que é tombar?
Tombar é você dar uma trégua para o inimigo, aceitar os seus limites pra depois você enfrentar a vida. Eu estou buscando até nisso aí na minha vida pessoal. É amar sem esperar um amor de volta, porque eu acho que é uma coisa que me traria tranquilidade e diminuiria minhas quedas. Porque, quando cai, dói, e só tá em pé quem caiu.
(Imagens: Reprodução)
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