“Judy” e a história da carreira de Zellweger, Garland e de Hollywood

É um pouco chato falar em certas tendências quando o assunto é Oscar. Mas, aqui, peço licença. Em 2018, quando ‘Nasce Uma Estrela começava a se tornar um grande sucesso comercial, Bradley Cooper virou assunto. Claro que o filme atraía muita expectativa pela atuação de Lady Gaga e a sua possível presença nas premiações. Entretanto, quando a conversa era a respeito vitórias, Bradley foi o frontrunner.

Aquela foi, de fato, a provável melhor atuação de sua carreira até agora. E a melhor entre os indicados na categoria (isso, com certeza). Porém, no meio do caminho, tinha uma banda inglesa de apelo comercial e que constantemente coloca lágrimas nos olhos do público. Nesse caso, entretanto, não foi só do público. Os votantes também amaram “Bohemian Rhapsody”. Talvez não tenha sido exatamente o filme em questão, suspeito.

A corrida se intensificou e Freddie Mercury levou o Oscar de Melhor Ator. Sim, Freddie Mercury. Quando Rami Malek assinou o contrato para viver o astro, ele provavelmente já sabia de suas chances. Então, foi necessário estudar o máximo possível para emular o ídolo de uma geração e atuar. Ou melhor, copiar.

É muito simples falar de ‘Judy’. O filme, que traz a história de Judy Garland, segue o modelo norte-americano de contar a história de uma personalidade do século passado. Tem flashback, tem apelo emocional em grande escala e tem espaço para a figura central garantir alguns VT’s de Oscar.

A história da carreira de Renée Zellweger traz alguns altos e baixos e é difícil não relacionar seu empenho com os dramas da própria Judy Garland. Nesse caso, parece evidente que houve envolvimento emocional, o que torna as coisas um pouco menos sofríveis quando pensarmos que ela subirá ao palco para receber a sua segunda estatueta de melhor atriz.

Em um ano em que o Oscar afunilou as suas indicações, levando menos produções para a premiação, Judy só apareceu em Atriz e Maquiagem. Não que a quantidade de indicações defina a qualidade de um filme, até porque ‘Joias Brutas’ não foi convidado para a festa, por exemplo. No caso de Judy, porém, o filme é feito para Renée e não vai muito além disso. Assim como ‘O Destino De Uma Nação’ foi feito para Oldman e ‘Dama De Ferro’ foi feito para Streep.

Judy Garland irá ganhar seu Oscar, assim como Freddie Mercury, Churchill, Margaret Thatcher e muitos outros já conseguiram. O prêmio para a figura representada, e não exatamente para o ator ou a atriz. Seria melhor cosplay? Aprende e tenta de novo, Bradley Cooper. Ou, pensando em 2020, fica a lição para Scarlett Johansson e Saoirse Ronan.

Por Gabriel Belo
08/02/2020 18h11