Internet – O Filme: muito youtuber para pouco filme

Difícil entender e explicar como que o Youtube cresceu tão rápido criando tamanha diversidade de youtubers aqui no Brasil. Existe um pra cada gosto e com vídeos sendo lançados todos os dias, vídeos os quais geram certa relutância de muitos pelo conteúdo considerado questionável. Eles gostam de aparecer, expor a vida própria e fazer loucuras em troca de views e likes para seus canais. O caminho para entendê-los é se desprender de qualquer pré-conceito e se deixar levar pelas bobagens que tais novas celebridades fazem, assim fica mais fácil “aturar” alguns minutinhos de vídeo. Entretanto, o que fazer quando todo esse pessoal é reunido para um filme de 90 minutos? Complicado ignorar tanta bobeira por tanto tempo, prova viva disto é Internet – O Filme que estreia nesta quinta, 23, em todo o Brasil.

A ideia foi bem simples: já que todos eles acumulam milhões de seguidores no mundo virtual, por que não transportá-los para as telonas e ver no que vai dar? Confiar no tal público fiel que os suporta e quem sabe arrecadar mais uns trocados em cima deles. Contamos aqui com praticamente toda a “nata” dos youtubers: Castanhari, Cocielo, Christian Figueiredo, Gustavo Stockler, Cellbit, Pathy dos Reis, ThaynaraOG (oriunda do Snapchat), PC Siqueira, Cauê Moura e por aí vai em um total de quase 25 famosos virtuais. Também estão presentes nomes do mundo da comédia como Mauricio Meirelles, Paulinho Serra e Rafinha Bastos (que também exerce a função de roteirista e produtor).

A direção do estreante Filipo Capuzzi é péssima e acompanhada do horrível trabalho de som, que se baseia músicas altíssimas totalmente aleatórias e desconexas, só comprometeu mais ainda a situação. Não dá nem pra querer contestar o quesito atuação, já que são todos amadores ainda, porém se portam bem em quadro e conseguem se virar (provavelmente a experiência em vídeos ajudou). Os vários plots são básicos e falhos em quase suas totalidades, contendo demasiados erros e se submetendo a situações desnecessárias. São pouquíssimos os momentos que despertam alguma vontade de rir e quando acontecem acabam sendo aproveitados erroneamente. Fora que o desespero para divertir culmina em situações embaraçosas, cheias de preconceito e que dão aquela sensação de vergonha alheia do que está sendo feito.

Provavelmente as melhores coisas do longa são a forma que o roteiro foi estruturado, conseguindo dar espaço certo à todos ali e armando um enredo descomplicado que flui bem conforme foi amarrado, porém se acerta na estrutura peca no mau desenvolvimento de tudo. Outro ponto de interesse é a autocrítica presente, mostrar tudo que acontece no meio e a forma que são vistos pelos internautas, e o inúmero arsenal de piadas internas (que acaba por ser um erro quando coloca em quadro memes antigos ao ponto de ter ‘Para Nossa Alegria’ nos minutos finais).

Internet – O Filme não é fácil de aceitar e o exagero usado para levar a trama beira o ridículo, só que é preciso reconhecer o mérito de reunir tantos “ídolos” da juventude atual para uma única produção. Juventude essa que decidirá o futuro de trabalhos cinematográficos como este, no parâmetro da audiência e bilheteria. No final das contas é até que interessante analisar os próprios youtubers zoando a própria forma de ser e de conquistar visualizações, num mundo onde ser visualizado e curtido é o que mais importa.

Trailer Internet – O Filme

Por Adalberto Juliatto
23/02/2017 21h14