O ano é 1968. O lugar é o Brasil. Gilberto Gil havia lançado aquele disco do ‘Pega Voga Cabeludo‘ acompanhando d’Os Mutantes. Mutantes que haviam lançado aquele disco do ‘Senhor F‘. E muito mais! O Caetano Veloso estava convocando todo mundo para a Tropicália. E se eu falar que ia rolar um show com toda essa galera junta no palco? Inacreditável.
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O problema é que, em 1968, o Brasil vivia seu quarto ano de ditadura militar. Foi nesse ano que entrou em vigor o Ato Institucional Nº 5, ou seja, o presidente possuía poderes ilimitados e a porrada rolava solta. E não era muito difícil se tornar subversivo aos olhos de quem tinha o poder. Agora imaginem o que aconteceu depois do show que rolou na Boate Sucata, lá no Rio de Janeiro, que reuniu aquele time que eu falei?
Bem, o próprio Caetano disse que talvez tenha sido o espetáculo de rock mais radical que já aconteceu no Brasil. Ao lado do palco havia uma bandeira, feita pelo artista Hélio Oiticica, na qual se via um corpo estendido e se lia ‘SEJA MARGINAL, SEJA HERÓI‘. O negócio foi chocante, mesmo. Tanto que o que se comentou foi que o hino e a bandeira nacional haviam sido desrespeitados. Resultado? Cadeia para Gil e Caetano. Sem saber o que iria acontecer, viveram dias de incertezas. Tiveram suas cabeças raspadas quando foram presos – esses malditos cabeludos – e, entre outras causos, Gil chegou até a se apresentar para uma tropa dentro do quartel.
Seis meses depois, quando estavam presos em Salvador, os militares chegaram a uma solução final para o caso deles: o exílio forçado. O destino? Madri e Lisboa, que também viviam dias de ditadura, estavam fora de cogitação e havia uma cidade com uma cena musical mais efervescente que a de Paris. Eles sabiam para onde ir.
Jimi Hendrix, The Who, Rory Gallagher, Free, entre muitos outros na pequena ilha de Wight, no Reino Unido, num festival que foi maior até que o Woodstock. Algo em torno de 600 mil pessoas (seis vezes mais que o número de moradores locais) reunidas para celebrar o rock por quatro dias. Tinha, também, dois brasileiros tocando com suas guitarras músicas que misturavam rock, funk e samba. Caetano e Gil, estrelas no Brasil, exploravam novas terras como desconhecidos. Aí surge o Ralph Mace, um cara que havia produzido o Bowie, querendo gravar os dois. E foi o que aconteceu. Sob os cuidados de Mace, Gil e Caetano lançaram discos homônimos em 1971.
O primeiro disco que Caetano gravou em Londres transborda a tristeza e a saudade que ele sentia. Um dia eu tive que deixar meu país, e nesse dia eu não pude nem mesmo chorar. E essa é só a estrofe inicial. Um disco forte, com ótimas canções. O tempo foi passando e a depressão do exílio também. E foi em 1972 que ele se juntou ao Jards Macalé no violão, ao Tutty Moreno e ao Áureo de Souza na percussão e bateria e ao Moacyr Albuquerque no baixo para começar a transar novas ideias. Ousando e experimentando mais, absorvendo as influências do rock britânico e do reggae que começava a tocar na Portobello Road, Caetano e a sua excepcional banda gravaram o disco que seria um marco na sua carreira e um dos mais importantes da música brasileira: Transa.
O disco começa macio. Os primeiros acordes de ‘You Don’t Know Me‘ são envolventes, Caetano canta num inglês tranquilo. Mas a música vai num crescente e, quando você percebe, já está gritando ‘nasci lá na Bahia’. Caetano passeia não só entre o português e o inglês, mas também entre várias culturas. A mistura de línguas e de referências revela coisas importantes sobre o disco que tenta aproximar uma Salvador, indesejadamente distante, de Londres.
Na sequência vem ‘Nine Out Of Ten‘, que traz a influência do reggae combinada com uma letra genial. Um disco que começa com duas músicas assim já se justifica. Mas ainda tem muito mais. ‘Triste Bahia‘, inspirada num poema de Gregório de Mattos, com seus quase 10 hipnóticos minutos, experimentação, barimbaus e percussão. Em ‘It’s a Long Way‘ Caetano revela a influência da cena britânica, mesmo não sendo a primeira vez que ele falava dos Beatles. O disco segue e é possível perceber que ele foi gravado por músicos geniais e em grande sintonia. As variações de andamento e dinâmica nas músicas são sempre precisas. ‘Mora na Filosofia‘, cantada em português, prova isso. Ainda tem a ‘Neolithic Man‘ e um blues rock n’ roll chamado ‘Nostalgia‘.
Esse foi um daqueles discos que, ao passar dos anos, foi se consolidando. Hoje é considerado por muitos o trabalho mais importante do Caetano. Um disco muito forte emocionalmente, com músicos incríveis, abertos a novas influências e sem medo de arriscar no estúdio.
Bem, o que aconteceu com o Brasil desse momento em diante é assunto para outra hora. O interessante é pensar que há tão pouco tempo atrás, alguns dos nossos maiores gênios da música tiveram que passar por essa temporada, como escreveu o Chico, ou por essa omissão um tanto forçada, como dizia o verso censurado do Vinicius. Nem mesmo os nossos herois saíram ilesos. A repressão chegou a prender até a Voz, que andava por aí disfarçada de Ivo Rodrigues. Isso sem contar os inúmeros casos de tortura, violência, assassinato e repressão. Felizmente, vivemos dias de liberdade. E essa liberdade é um dos nossos maiores bens. A nossa sorte foi que a música conseguiu responder a toda ignorância a sua maneira genial: com muitos discões.
E aí, curtiu os sons? Explore os links e desvende mais músicas! Tem alguma dica de discão ou sonzeira? Comente! A música boa é infinita. 😀
Semana que vem tem mais!
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Em A Última Sessão, acompanhamos o menino Samay em sua descoberta do mundo mágico do cinema. Nessa história sensível, em uma cidade no interior da Índia, o menino de 9 anos assiste um filme no Galaxy Cinema e sua vida muda completamente e uma paixão feroz começa. Samay passa a faltar às aulas do colégio e a roubar um pouco de dinheiro da casa de chá de seu pai para assistir filmes. Com um desejo enorme de se tornar cineasta, Samay conhece Fazal, o projecionista do cinema e os dois fazem um acordo: Samay traz para Fazal as deliciosas comidas preparadas por sua mãe, enquanto Fazal permite que Samay veja infinitos filmes todos os dias na sala de projeção. Uma amizade profunda é forjada pelos dois e, logo, é colocada a teste graças a escolhas difíceis e transformações nacionais importantes. Agora, para perseguir seu sonho, Samay deve deixar tudo o que ama e voar para encontrar o que mais deseja.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Em Marcello Mio, Chiara (Chiara Mastroianni), filha dos icônicos Marcello Mastroianni e Catherine Deneuve (Catherine Deneuve), é uma atriz que vive um verão de intensa crise existencial. Insatisfeita com sua própria vida, ela começa a se questionar sobre sua identidade e, em um momento de desespero, afirma a si mesma que preferiria viver a vida de seu pai, uma lenda do cinema, do que enfrentar a sua realidade. Determinada, Chiara começa a imitar Marcello em tudo: veste-se como ele, adota seu jeito de falar, respira como ele. Sua obsessão é tamanha que, com o tempo, as pessoas ao seu redor começam a entrar nessa sua estranha transformação, passando a chamá-la de Marcello. Em um jogo de espelhos entre passado e presente, Marcello Mio explora a busca por identidade, legado e o impacto da fama na vida pessoal de uma mulher perdida em sua própria sombra.
Data de Lançamento: 11 de dezembro
O grupo de K-pop NCT DREAM apresenta sua terceira turnê mundial nesse concerto-documentário único. Gravada no icônico Gocheok Sky Dome, em Seul, a apresentação reúne um espetáculo vibrante, com coreografias e performances extraordinárias. O filme ainda conta com cenas de bastidores, mostrando o esforço depositado para dar vida a um show dessa magnitude. O concerto se baseia na história do Mystery Lab, um conceito cunhado pelo grupo. NCT DREAM Mystery Lab: DREAM( )SCAPE dá o testemunho de uma grandiosa turnê.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Queer é um filme de drama histórico dirigido por Luca Guadagnino, baseado na obra homônima de William S. Burroughs e inspirado em Adelbert Lewis Marker, um ex-militar da Marinha dos Estados Unidos. A trama segue a vida de Lee (Daniel Craig), um expatriado americano que se encontra na Cidade do México após ser dispensado da Marinha. Lee vive entre estudantes universitários americanos e donos de bares que, como ele, sobrevivem com empregos de meio período e benefícios do GI Bill, uma lei que auxiliou veteranos da Segunda Guerra Mundial. Em meio à vida boêmia da cidade, Lee conhece Allerton (Drew Starkey), um jovem por quem desenvolve uma intensa paixão. O filme explora temas de solidão, desejo e a busca por identidade em um cenário pós-guerra, com uma ambientação que retrata fielmente a atmosfera da Cidade do México nos anos 1950.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
A Different Man, é um thirller psicológico, dirigido e roteirizado por Aaron Schimberg, terá a história focada no aspirante a ator Edward (Sebastian Stan), no qual é submetido a passar por um procedimento médico radical para transformar de forma completa e drástica a sua aparência. No entanto, o seu novo rosto dos sonhos, da mesma forma rápida que veio se foi, uma vez que o mesmo se torna em um grande pesadelo. O que acontece é que, por conta da sua nova aparência, Edward perde o papel que nasceu para interpretar. Desolado e sentindo o desespero tomar conta, Edward fica obcecado em recuperar o que foi perdido.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
As Polacas é um drama nacional dirigido por João Jardim e selecionado para o Festival do Rio de 2023. O filme é inspirado na história real das mulheres que chegaram ao Brasil vindas da Polônia em 1867 com a esperança de uma vida melhor. Fugindo da perseguição aos judeus e da guerra na Europa, o longa acompanha a saga de Rebeca (Valentina Herszage), uma fugitiva polonesa que vem ao Brasil com o filho, Joseph, para reencontrar o esposo e começar a vida do zero. Porém, as promessas caem por terra quando, ao chegar no Rio de Janeiro, a mulher descobre que o marido morreu e, agora, está sozinha em um país desconhecido. Até que seu caminho cruza com o de Tzvi (Caco Ciocler), um dono de bordel envolvido com o tráfico de mulheres que faz de Rebeca seu novo alvo. Refém de uma rede de prostituição, Rebecca se alia às outras mulheres na mesma situação para lutar por liberdade.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Do aclamado diretor Alejandro Monteverde, conhecido por Som da Liberdade, Cabrini, narra a extraordinária jornada de Francesca Cabrini (Cristiana Dell’Anna), uma imigrante italiana que chega a Nova York em 1889. Enfrentando um cenário de doenças, crimes e crianças abandonadas, Cabrini não se deixa abater. Determinada a mudar a realidade dos mais vulneráveis, ela ousa desafiar o prefeito hostil em busca de moradia e assistência médica. Com seu inglês precário e saúde fragilizada, Cabrini utiliza sua mente empreendedora para construir um império de esperança e solidariedade. Acompanhe a ascensão dessa mulher audaciosa, que, enfrentando o sexismo e a aversão anti-italiana da época, se torna uma das grandes empreendedoras do século XIX, transformando vidas e deixando um legado de compaixão em meio à adversidade.
Data de Lançamento: 12 de dezembro
Em Kraven – O Caçador, acompanhamos a história de origem de um dos vilões da franquia Homem-Aranha. De origem russa, Kraven (Aaron Taylor-Johnson) vem de um lar criminoso e de uma família de caçadores. Seus poderes nascem de uma força sobrenatural e super humana que o faz um oponente destemido e habilidoso. A relação complexa com seu pai Nicolai Kravinoff (Russell Crowe) o leva para uma jornada de vingança e caos para se tornar um dos maiores e mais temidos caçadores de sua linhagem. De frente para questões familiares, Kraven mostra sua potência nesse spin-off.