Entre o vergonhoso e o admirável

Quando o Extreme lançou o álbum Pornografitti, em 1990, as flanelas do grunge ainda não tinham ganhado as ruas, mas o poodle hair já tinha ficado demodê. Os estadunidenses, nesse cenário, propuseram uma mistura diferente, que ia do funk ao glam. Mas foi a balada melosa, tocada no violão, que conquistou o coração do público: More Than Words.

A canção ficou conhecida mundialmente. Todo mundo já cantarolou a composição de Nuno Bettencourt e Gary Cherone. Também é por causa dela que o Extreme é frequentemente tachado de banda de uma música só.

Em Curitiba, ficou evidente que a crítica não é totalmente infundada. O show, na última quinta-feira (11), no Teatro Positivo, não lotou. A plateia, composta por jovens roqueiros e casais de meia idade, cantou More Than Words em coro, mas se calou durante o restante do repertório. E o mais notável é que todos eram muito bem educados e não deixaram de seguir as orientações dadas: não parecia um show de rock, afinal. O que não passou despercebido por Nuno Bettencourt, que ironizou tamanha organização: “O chão vai cair, é?”

A banda, no entanto, não se deixou abater. Tocou o Pornogafitti inteiro. O vocalista Gary foi performático, como quem se apresenta para um estádio lotado. No fim das contas, o show estacionou na linha tênue que separa o vergonhoso do admirável.

Por Jessica Carvalho
17/06/2015 17h34