Crítica – Vingadores: Era de Ultron (Avengers: Age of Ultron)

Depois de três longos anos de espera, enfim a continuação de Vingadores estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta (23). A Era de Ultron apresenta todos os heróis reunidos novamente, desta vez para enfrentar um robô que pretende acabar com a raça humana.

A grande produção da Marvel para 2015 e provavelmente um dos filmes mais esperados do ano, já nasce um sucesso e isso não é necessariamente bom. Todos já sabem que Vingadores 2 conseguirá uma bilheteria absurda, podendo até superar o primeiro sem muita dificuldade (Vingadores conseguiu 1 bilhão e meio de dólares em 2012). É o tipo de filme que pode ser feito sem nenhum peso nas costas, ou seja, já não existe mais uma pressão para que tudo saia perfeitamente e deste modo alguns caminhos diferentes podem aparecer.

O diretor continua sendo Joss Whedon, que abandona a franquia nos dois próximos filmes e passa o cargo para os irmãos Russo . Whedon, também roteirista do longa, se mostra excelente em vários momentos e pouco falho. A melhor idealização é a humanização posta em todos os heróis, todo aquele lado de heroísmo é deixado um pouco de lado para dar foco aos problemas individuais. Seja por meio de alucinações ou até mesmo com um destacado Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), vemos uma face muito mais pessoal de todos. O que dá um tom mais sério em grandes partes do longa, um ponto positivo pela falta de pressão na produção que já não precisa mais manter super-heróis sendo super-heróis durante todo o filme.

Outro grande acerto é que com folga é possível investir em mais participações. Assim existem diversas aparições e todas bem controladas, sendo eles antigos, novos ou alternativos. Além do grupo central dos Vingadores, vários outros heróis e personagens aparecem com destaque. É o caso de Máquina de Combate (Don Cheadle), Falcão (Anthony Mackie), Maria Hill (Cobie Smulders) e Nick Fury (Samuel L. Jackson).

É nas novidades que o filme consegue ganhar mais força ainda. Os irmãos Maximoff são uma excelente aquisição no longa, Pietro (Aaron Johnson) e Wanda (Elizabeth Olsen) têm papéis essenciais na trama. Mercúrio é um supervelocista e Feiticeira Escarlate é uma bruxa com poderes telecinéticos. Ele é interessante exatamente pela velocidade e os efeitos durante a batalha. Já ela ganha uma abrangência muito maior pelo poder de controlar mentes, gerando conflitos internos nos heróis e liberando um Hulk destrutivo (que só é parado pela armadura Hulkbuster do Homem de Ferro). A atuação dos dois é ótima, o sotaque imposto na voz junto do ar mais sério dela com o descontraído dele criam uma boa dinâmica.

Ultron (voz e captação de movimentos de James Spader) é o vilão do filme, mas peca ao não cumprir com exatidão o papel. Todo o processo de criação dele e os momentos “virtuais” com o Jarvis são excelentes, além do modo em que ele vai evoluindo e criando todo um pensamento megalomaníaco. Só que todo o ideal dele é muito batido, reconstruir a terra e em nenhum momento tal propósito chega a criar algum medo real. A forma robótica e os soldados robôs são muito bem utilizados, as batalhas são fenomenais. Porém, Ultron parece mais um falastrão do que um real vilão. Tem tiradas cômicas, cantarola “Pinóquio” e na hora de ser cruel não avança. É muito mais a Aparição de Ultron, do que uma Era do próprio.

Já Visão (Paul Bettany) é genial. Uma perfeita cópia dos quadrinhos e que mesmo aparecendo no decorrer final, se torna um dos destaques. Todas as conversas dele com Ultron, revigorando um velho debate sobre a criação de uma inteligência artificial, e toda a participação heroica do androide são incríveis.

O grupo principal se mostra muito mais unido e performático nas batalhas, até curtem uma festa juntos. Tal amizade entre eles é algo bem legal de se ver, relação que começou a ser moldada no primeiro filme. Vingadores 2 é um perfeito balanceamento para o primeiro filme, enquanto em 2012 o grupo era formado e toda uma necessidade de impacto se formou. Aqui temos uma construção do caráter de cada um, longas cenas com diálogos pessoais e cenas mais longas ainda de batalha. Luta, explosão e briga é o que não falta. Outro ponto que se mostra presente e muito bem utilizado sem parecer bobo é o humor, muitas cenas cômicas e pontualmente colocadas. O excelente trabalho de CGI para criar tamanhas destruições, inúmeros robôs e batalhas gigantescas nos trazem efeitos especiais incríveis.

Sobre o Universo Cinematográfico Marvel e relação com as HQs:

Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) e Bruce Banner/Hulk (Mark Ruffalo) são os responsáveis indiretos pela criação de Ultron, que na verdade não deveria passar de um sistema de segurança robótica mundial. Nos quadrinhos, o vilão é criado pelo Homem-Formiga. Como o herói só vai entrar no Universo Marvel em julho, uma ótima saída foi encontrada pelo estúdio para o momento e mantendo da mesma forma todo o encaminhamento do personagem.

Wanda e Pietro Maximoff são mutantes e filhos do Magneto. Porém no cinema as coisas mudam um pouco. O direito da palavra mutante e toda a origem do Magneto pertencem à FOX, a Marvel/Disney conseguiu uma brecha para utilizar os dois mudando a história. Assim os irmãos são chamados de Aprimorados, uma palavra um tanto esquisita e que faz parecer que eles ganharam os poderes em experimentos. A Feiticeira é casada com Visão nos quadrinhos, o filme já mostra um pouco da química entre os dois em alguns momentos.

Wakanda e Ulysses Klaw (Andy Serkis) aparecem, o local é a terra do Pantera Negra e o traficante é o principal inimigo do herói africano: o Garra Sônica. O filme solo do Pantera está marcado para novembro de 2017 na fase três da Marvel nos cinemas, mas o próprio já vai aparecer em Capitão América: Guerra Civil em maio de 2016.

Todo o processo de mostrar a vida pessoal do Gavião Arqueiro e os conflitos de interesse entre o Capitão e Homem de Ferro já servem como base para o filme da Guerra Civil, que ainda contará com a participação do Homem Aranha.

O desfecho do filme deixa encaminhado várias situações: Thor voltando para Asgard para resolver vários problemas causados por Loki, trama do filme Thor: Ragnarok de julho de 2017. O caminho de Hulk leva para duas suposições: participação no novo Guardiões da Galáxia (maio/2017) ou um filme solo muito aguardado pelos fãs e que pode muito bem ser Planeta Hulk.

Durante o filme vemos várias referências das Jóias do Infinito, que enfim foram reveladas. Elas foram aparecendo ao decorrer de todos os filmes da Marvel e serão de extrema importância na conclusão final em Guerra Infinita (2018 e 2019). Porém apenas quatro apareceram até então, a última pode surgir ou no segundo filme de Guardiões com Adam Warlock ou no Doutor Estranho (novembro/2016). Thanos já possui a Manopla do Infinito e a conquista das jóias deve ser explorada nos próximos filmes.

Ponto forte

É filme dos Vingadores, pra agradar todo mundo e aumentar as expectativas da continuidade deste extenso Universo.

Ponto fraco

Ter que esperar mais três anos pelo próximo filme dos Vingadores.

Nota: 10

Trailer – Vingadores: A Era de Ultron 

Por Adalberto Juliatto
23/04/2015 17h39