Crítica: indicado ao Oscar “Flow” inova em formato com história emocionante

Flow. Imagem: Divulgação/Madman Films.
Imagem: Divulgação/Madman Films

Uma surpresa agradável fez um marco na cultura da Letônia. O filme “Flow“, dirigido por Gints Zilbalodis, conquistou duas indicações ao Oscar 2025, nas categorias Melhor Animação e Melhor Filme Estrangeiro. O longa, que também teve sua realização na Bélgica e na França, já ganhou até estátua na Letônia. O filme está em exibição nos cinemas no Brasil.

Trama

Flow” acompanha um gato tímido que se vê tentando fugir de uma inundação. Mas sozinho, pode ser impossível. Ele precisa aprender a conviver com outros animais, muitos deles diferentes e até hostis. Mas a sobrevivência demanda uma abertura ao novo, que pode ser sua salvação. A história emocionante e com um traço artístico autoral desbancou queridinhos como “Divertida Mente 2” em premiações, incluindo o Globo de Ouro.

Inovação

A parte técnica do longa também chamou atenção. Ele foi todo renderizado em um software de código aberto, Blender, algo bem peculiar no ramo. Sem falas, o filme traz os sons dos animais de forma natural, gravados dos próprios bichos (com exceção da capivara, que teve seus sons gravados de um camelo bebê, uma solução técnica). Miados e latidos foram captados pelo designer de som Gurwal Coïc-Gallas.

Ainda que tenha recebido investimento estatal da Letônia, “Flow” vai na contramão de grandes estúdios de animação. Pouco orçamento, equipe reduzida e soluções práticas marcaram a produção. A pesquisa no movimento dos animais traz fidelidade, contrastando com a animação artística, em um resultado único.

Uma Quase Fantasia

A escolha de caminhar na dicotomia entre o realismo de movimentos e as atitudes quase humanas de animais é o trunfo do filme. Diferente de animações mais conhecidas que trazem bichos falantes, aqui não há falas, mas é possível entender raciocínios e “discussões” entre os personagens, nos seus grunhidos e trocas físicas, nos olhares e atitudes. Assim, o filme consegue trazer um toque muito humano sem mostrar nenhuma pessoa.

A luta pela sobrevivência só acontece na cooperação. Mesmo que outros desistam, alguns animais vão descobrindo o valor da amizade, da presença, da cooperação. Não há demagogias ou respostas fáceis, tornando “Flow” uma fábula universal, narrativa e visualmente poderosa.

Por Brunow Camman
25/02/2025 18h52

Artigos Relacionados

Crítica: “Um Completo Desconhecido” acompanha crise existencial de Bob Dylan

Crítica: “O Brutalista” e as rachaduras do sonho americano