Crítica – Evereste (Everest)

Os cinemas brasileiros recebem nesta quinta (24) um drama baseado em fatos reais contando a história dos alpinistas que tiveram que enfrentar a força da natureza enquanto escalavam a montanha mais alta e perigosa do mundo. Evereste é dirigido por Baltasar Kormákur e conta com um elenco recheado de estrelas encabeçado por Jason Clarke, Jack Gyllenhaal e Josh Brolin.

O filme tem como base o desastre real acontecido no Monte Evereste em 1996, onde dois grupos tentaram sobreviver à diversos fatores quando se encontravam já no alto e final da expedição. Os dois líderes alpinistas são interpretados por Jason Clarke e Jack Gyllenhaal.

A história é um drama por si só, não é necessário muito esforço para transformar uma tragédia real em um exemplar do gênero. O que falta aqui é qualidade para aproveitar tal vantagem e transformar em algo único, já que a maioria absoluta de filmes de tragédias não passa de mera ficção. Faltou vontade para o diretor Baltasar Kormákur e aos roteiristas William Nicholson e Simon Beaufoy, que parecem ter esquecido que se tratava de um filme e acabaram produzindo um documentário típico daqueles canais de TV por assinatura especializados nisso (só ficou faltando os relatos pessoais com os personagens reais em meio das cenas).

A direção peca ao dar pouco espaço aos momentos de ação e preferir closes fechados a imagens abertas aproveitando da paisagem esbranquiçada. Os cortes brutos entre uma suposta ação e um drama familiar também se apresentam falhos. A direção de Baltasar é amadora nos sentidos cinematográficos, pois foge da pegada ficcional e se instaura numa paisagem documentada em excesso. O diretor é pouco conhecido e tem no currículo apenas ações de segundo escalão, talvez a mudança tão brusca não se mostrou acertada.

O que colaborou e muito para que a direção se mostrasse fraca foi o péssimo roteiro. Independente de ser uma história real faltou ousadia ao narrar tais acontecimentos. Preferiram exagerar em rixas entre grupos de expedição e dramas familiares, deixando em segundo plano aquilo que dá nome ao filme: o Evereste. Apesar de ser o “personagem-principal”ele está mais pra figurante e não conseguimos sentir uma real tensão em meio à tragédia, deixar tudo pro final e na correria não foi a melhor ideia. Talvez mostrar o local como um vilão e dar ênfase aos problemas dos homens estando lá estavam fosse uma saída excelente para criar até um suspense em meio ao drama.

Não dá pra ter muita base e falar que algum ator foi melhor que outro, existe até a possibilidade daqueles que são desconhecidos terem desempenhado melhor do que o grupo de famosos presentes. O único que ganha papel de protagonista é Clarke, mas que pouco mostra oportunismo para tal. Estranho ver Keira Knightley e Sam Worthington em papéis tão secundários e dispensáveis, assim como Brolin e Gyllenhaal que apenas comprovam que o excesso de estrelas tem mais função de chamar atenção do que fazer o filme virar algo decente. Típico exemplar daqueles que têm boa história, bons atores e uma bela paisagem ainda por cima, só que prefere não arriscar e morrer na zona neutra.

Ponto fraco

É chato, simples assim. Cansativo durante as duas horas de duração para mostrar algo que já era certo, enrolado em toda parte e nenhum pouco tenso ou dramático. Um documentário com pinta de blockbuster.

Ponto forte

A excelente fotografia e trabalho gráfico do Everest. Apesar de tudo, é uma produção linda e cheia de paisagens belas, grande parte montada por CGI e que não ficam atrás da realidade.

Nota: 4,5

Trailer – Evereste

Por Adalberto Juliatto
24/09/2015 09h11