Crítica: “Duna – Parte 2” equilibra boa história com muita ação

Duna 2. Foto: Divulgação/Warner Bros Pictures.
Foto: Divulgação/Wagner Bros Pictures

Tons de amarelo e marrom nunca foram tão vívidos quanto em “Duna – Parte 2“. Ocre, dourado, terracota e uma gama de cores nessas faixas se revelam na iluminação intensa e bem elaborada do longa. A sequência de “Duna – Parte 1”, de 2021, consegue manter a história interessante e ser mais do que um filme de ação. O filme está indicado a cinco categorias no Oscar, incluindo Melhor Filme.

Herbert

Os dois filmes são inspirados no livro “Duna”, clássico da ficção científica de Frank Herbert. O romance de 1965 inspirou outros sucessos como “Star Wars”, o que torna difícil fazer a história parecer algo inovador nos anos 2020. Mas Denis Villeneuve conseguiu – nas duas partes. O diretor valorizou as discussões político-religiosas da trama, por momentos deixando explícitas as relações com o mundo real, e amenizando críticas mais datadas. Não é à toa que o vilão nada em uma poça de líquido negro semelhante a petróleo.

Na história, Paul Atreides (Timothée Chalamet) é filho de um monarca que conquista um planeta em disputa. Arrakis, também chamado Duna, contém melánge, uma substância muito procurada e de alta relevância econômica. Paul é identificado ainda por uma forte relevância religiosa, por parte da mãe, ligada às Bene Gesserit. A briga pelo controle de melánge entre as grandes famílias envolve traição e assassinatos, fazendo com que Paul tenha que se aliar aos fremen, povo de Arrakis.

O segundo filme acompanha Paul já ligado aos fremen, que começam a discutir sua figura com um tom messiânico. Ele poderia representar a libertação do povo do domínio das grandes famílias. Enquanto isso, o Barão Harkonnen (Stellan Skaarsgard) planeja a continuidade de seu domínio e ascenção ao Império. “Duna – Parte 2” não faz um bom resgate do primeiro filme no início, o que pode prejudicar o espectador que já assistiu a parte 1 lá em 2021. Especialmente quando aparecem personagens no meio da trama e não no começo.

Ação

Porém a imersão no universo de “Duna” é tão bem feito que o espectador continua dentro da história, acompanhando Paul tentando conquistar a confiança dos fremen. Villeneuve explora bem os perigos da visão messiânica que alguns têm sobre o personagem, e que são estimuladas pela mãe. Melhor do que em outras adaptações, inclusive. Não a ponto de ter grande desenvolvimento, mas ainda é interessante. Assim como as maquinações das Bene Gesserit (que já ganharam série de TV, o que pode ser um motivo a ganharem mais destaque).

As cenas de ação fazem jus à primeira parte. Uma sequência que acompanha Paul e Chani (Zendaya) lutando contra o exército Harkonnen é eletrizante. Bem ensaiada, bem filmada, ainda consegue apresentar a relação cada vez mais íntima dos dois. As cores do deserto e da guerra se mesclam em um visual grandioso. Até a cena em que o diretor escolhe um intenso preto e branco é marcante e bem pensada.

O novo vilão, muito bem interpretado por Austin Butler, dá novas dinâmicas de cenas de luta e coloca novas peças no complexo xadrez de “Duna”. Como um espelho invertido, Feyd-Rautha mostra o lado negativo do messianismo político. Pena que, seguindo o livro, o personagem demora a aparecer.

Tudo isso torna “Duna – Parte 2” um filme de ação profundo, com imagens marcantes e muito bem construídas. A iluminação em cenas dramáticas assim como nas de luta intensifica e eleva o filme a mais do que um blockbuster.

Por Brunow Camman
17/02/2025 10h00

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