Se tem um personagem que fez muito sucesso nos anos 70/80/90 e que marcou gerações, esse personagem com certeza é Rocky Balboa. Sua história aparentemente havia terminado em 1990, em Rocky V. Mas 16 anos depois, em 2006, Rocky voltaria as telonas com mais um filme, para o deleite dos fãs que sentiam muita falta do garanhão italiano. E quando todo mundo achou que finalmente tinha acabado, mais alguns anos depois surge Creed, uma história derivada do universo que Sylvester Stallone havia criado.
Me lembro que na época, em 2015, eu fiquei bem empolgado e entusiasmado. Depois que assisti o filme, achei a ideia genial. Pegar um filho perdido de Apollo e fazer com que ele fosse treinado por ninguém menos que Rocky Balboa. Uma tacada de mestre dos produtores da franquia e do próprio Stallone. Mas também me lembro de ter sentido falta de alguma coisa. Não sabia o quê, talvez algo mais familiar. O filme foi bom, mas não senti aquela conexão que eu esperava sentir. Mais alguns anos se passaram e agora, em 2019, depois de assistir Creed 2, eu consegui preencher o vazio que senti no primeiro filme e entender realmente o que faltava.
É claro que os produtores de filmes/franquias derivadas de outra obra maior e consolidada sempre vão querer trilhar seu próprio caminho, sem ter que ficar o tempo todo ancorado no passado. Mesmo conceito para a história de Adonis, querendo fazer seu próprio sucesso, evitando comparações com seu pai. Mas, em alguns casos, isso se faz necessário e conveniente. E esse foi o grande acerto de Creed 2, por misturar muito bem o passado com o presente. E trouxe uma história que eu, sinceramente, esperava já no primeiro filme, pra começar com tudo. Mas já que trouxe no segundo, bom para nós, porque o filme é ótimo e melhor do que o primeiro. Começando pelo simples fato de que agora o adversário é o filho de Ivan Drago. Já pensou? Encarar o filho do homem que matou seu pai. E ainda trazendo de volta Dolph Lundgren como treinador do mesmo. Era essa a familiaridade que eu dizia acima, essa conexão maior com a história principal que eu senti falta no primeiro. Com todo esse enredo, o diretor Steve Caple Jr. só não faria um bom filme se não quisesse.
Há uma conexão clara e óbvia com Rocky IV, e naquela época o foco foi mostrar a rivalidade entre Estados Unidos e Rússia, que viviam uma guerra política. Desta vez, o foco é como deveria ser: Balboa e Adonis, Drago e seu filho. Essa relação entre tio e sobrinho e pai e filho é o que move e alimenta o lado emocional do filme. O elenco do filme, de cabo a rabo, é digno de elogios. Stallone, que dispensa comentários, Dolph Lundgren de volta como Ivan Drago foi uma adição de peso ao elenco, Tessa Thompson é uma ótima atriz e está em ascensão em Hollywood, fazendo parte também do Universo Marvel e agora protagonizando os novos filmes
do MIB. Florian Munteanu é a novidade como Viktor Drago, e chegou com todas as credenciais necessárias de Stallone, que disse que o ator “tem tudo que o papel precisava: feições, movimentos, corpo e é um lutador de verdade“. E por último, mas não menos (talvez o mais) importante, Michael B. Jordan, o próprio Creed, agora muito mais consolidado do que no primeiro filme, em 2015.
Outro destaque do filme é a relação entre Donnie e Bianca, que agora terão um bebê (como visto já em trailer e materiais de divulgação, não é spoiler). Essa relação entre os dois é o ponto alto do filme. Adonis agora é um homem responsável e seu crescimento como personagem é notável. Rocky também tem suas próprias batalhas para lutar, tentando se reaproximar do seu filho e ao mesmo tendo que ser uma figura paterna de Donnie. Seu papel no filme é muito parecido com o de Mick no início da trajetória de Rocky. E suas aparições deixam qualquer fã em êxtase, por tudo que ele representa.
Superação, batalhas internas, treinos incessantes embalados por uma belíssima trilha sonora, todos os elementos que fizeram Rocky ser um sucesso e que Creed II tem de sobra. As cenas clássicas de boxe são cativantes e também merecem aplausos. O filme emociona, te faz refletir, te deixa apreensivo e encanta por seu todo. Há quem diga que este foi o último filme desta história de Stallone, mas olha, se continuarem nessa pegada, eu não me incomodaria se Creed também tivesse 6 filmes.
Nota: ✮✮✮✮✮
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