Companhia carioca fala sobre racismo em peça no Festival de Curitiba

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Racismo, discriminação e violência. Estes foram os problemas levantados pela Companhia Urbana de Dança, com o espetáculo “Nêgo (eu.ele.nós.tudo preto!)”, apresentado nos dias 28 e 29, no Teatro Guaíra, em Curitiba.

Pela dança, o grupo de nove bailarinos conta o drama dos jovens negros do país. A força e a resistência dessa parcela da população são mostradas por meio dos movimentos corporais, da música e dos efeitos sonoros.

Os bailarinos têm como formação original o hip-hop e o street dance, porém outras vertentes da música e da dança são mostradas, como funk, samba, contemporâneo e o clássico. A coreógrafa Monica Lima, que produziu o espetáculo, tem formação no ballet clássico e trouxe sua experiência para o grupo.

Jessica Nascimento é a única bailarina da companhia. Mas além da dançar, a jovem também canta e faz solos. Segundo Jessica, ela tem como papel representar a mulher negra na sociedade. “Tenho a responsabilidade de mostrar que a mulher também tem força”, comenta.

Para o bailarino Thiago Lima, a companhia tem como propósito mostrar a cultura negra e alertar sobre o racismo. “Por meio da dança nós mostramos a luta e a garra que o negro tem. Queremos servir de espelho para que outros jovens enfrentem as dificuldades que vivemos e que tenham orgulho da raça negra”, explica.

A luz e som são recursos essenciais para o espetáculo. O espaço do palco é delimitado pelos refletores. A sonoplastia foi usada para enfatizar a proposta da apresentação, com músicas da blackmusic, um relato gravado de um dos bailarinos, que sofreu racismo ao pedir informações em um bairro nobre no Rio de Janeiro e a sonora de personagem que diz apelidos pejorativos usados pela sociedade para se referir ao negro.

Para o espectador Maurício Coimbra, o espetáculo serviu de reflexão. “Assistir um espetáculo como este me fez abrir os olhos sobre os meus atos e julgamentos. Temas como racismo devem ser debatidos”, conta.

Ao final da peça, o público presente aplaudiu em pé a companhia.

Amanda Carolina, estudante de Jornalismo da Universidade Positivo, especial para o Curitiba Cult.

Por Curitiba Cult
30/03/2015 15h29