Em tempos tão difíceis, enfrentando inúmeros inimigos, existem poucas coisas que parecem nos acalentar frente à angústia e o desespero extremos. A música é uma delas, em todos os seus aspectos.
A música, em particular a Música Popular Brasileira (que aqui flexibilizo o seu significado histórico e acrescento a “Nova MPB”, o Funk, os novos sambas, entre tantos outros que escancaram o verdadeiro Brasil) tem nos presenteado quase que diariamente. Se antes escutávamos Gilberto Gil, Maria Bethânia, Zeca Pagodinho e Milton Nascimento apenas em grandes anfiteatros, agora as coisas mudaram.
Esse “verdadeiro” Brasil cantado, muitos o querem distante e afundado na lama. Hoje, setores da nação brasileira abraçam o fascismo de forma escancarada, onde, como nos alertou o intelectual italiano Umberto Eco, tem pavor quando se pronuncia as palavras Cultura, Arte e Educação.
Não muito difícil de compreendermos a razão para que não tenhamos mais um Ministério com diretrizes e fundos, mas uma secretaria vazia e sucateada, além de ex-secretários que só não foram mais cômicos (no pior sentido) pela tragédia que evidenciaram. Vale lembrar que para Eco, a Cultura é suspeita na medida em que é sempre identificada com atitudes críticas.
Em tempos obscuros, onde a internet e as redes sociais prestam um desserviço com a enormidade de mentiras, xingamentos e toda a sorte de absurdos e “cancelamentos”, vimos que muitas cantoras e cantores, interpretes dos mais diversos e músicos das mais diferentes vertentes iniciaram lá nos idos do catastrófico 2020, o impensável: pequenos shows em suas próprias residências para satisfazer os seus fãs.
Daí o enorme acalento. Sentar-se isolado, com a família ou mesmo com quem ama ao lado para assistir a uma live tem se tornado algo recorrente. Em tempos assim, onde o isolamento parece interminável, o número de mortes aumenta devido à pandemia e ao presidente genocida, as notícias são cada vez piores e a música não pode mais ser ouvida em bares e restaurantes (ao menos não deveriam), assistir e apreciar álbuns de cantoras e cantores antigos e outros recém-lançados parece diminuir o desespero que nos toma conta.
A história musical brasileira é uma das mais ricas do mundo e somos um país verdadeiramente privilegiado. Me recordo do livro dos professores Luciana Worms e Wellington Borges Costa, “Brasil Século XX: Ao pé da letra da canção popular”, onde narram a história do Brasil através de ritmos, acordes, melodias, álbuns e canções. Para cada momento histórico trágico, emergem sons capazes de transformar a realidade com potências inigualáveis (sobre o livro, recomendo!).
Relembrando tempos autoritários, disse o dramaturgo Ruy Guerra sobre o Golpe Militar de 1964: nós criávamos um produto com grande alegria, mas dentro de uma grande angústia. Nos tempos bolsonaristas, não estamos muito distantes de tal afirmação.
Evidente que a distopia brasileira de Jair Bolsonaro não conseguirá destruir a Cultura, muito menos calar as vozes geniais de tantos que surgiram e surgem diariamente nas comunidades do Rio, nos recantos e becos de São Paulo, em Minas, no Nordeste e em todas as outras regiões de um país imerso na maior riqueza musical já ouvida.
Irrita os senhores engravatados desta nova era vozes como as da saudosa Beth Carvalho, que sempre reclamou do preço do feijão e do pequeno salário mínimo dos brasileiros; a de Zeca Pagodinho, que nunca se deixou abalar e enchia o seu quintal com a maior quantidade possível de preciosidades; Gilberto Gil, homenageando canções nordestinas; a voz de Milton Nascimento, que ecoa dizendo que sonhos não envelhecem e nunca irão envelhecer; ou mesmo a de Cartola, outro saudoso, cantando as dores populares dos morros; assim como as de tantas e tantos que nos retiram da atordoante realidade brasileira, mesmo que por poucas horas, seja através de um breve show residencial ou em uma velha vitrola e canais no YouTube. Novas e velhas gerações se encontram, cantando um país de vozes preciosas.
Mesmo as instituições culturais e educacionais como alvos certos do Brasil de Bolsonaro, nada irá calar os novos, os antigos e a sua riqueza musical que flui por inúmeros meios, muitas imbuídas de forte crítica social e política.
Não pode e não haverá mais “Cálices”. Não ocorreu na ditadura de 1964 e não ocorrerá agora. Que cantem todos e cantem forte, pois “o sol há de brilhar mais uma vez, a luz há de chegar aos corações e o mal será queimada a semente”, e sim, “o amor será eterno novamente”.
Data de Lançamento: 21 de março de 2024
Shirley é o retrato íntimo do ícone político pioneiro Shirley Chisholm, a primeira congressista negra e a primeira mulher negra a concorrer à presidência dos EUA, e o custo da realização para a própria Shirley. Este filme contará a história da campanha presidencial histórica e revolucionária de Chisholm, baseada em conversas exclusivas e extensas com familiares, amigos e aqueles que a conheceram melhor.
Data de Lançamento: 21 de março de 2024
Remake do filme Matador de Aluguel que foi lançado em 1989 e estrelado por Patrick Swayze no papel de um segurança em um turbulento bar. No remake, um ex-lutador de UFC (Jake Gyllenhaal) aceita um emprego como segurança em uma estalagem em Florida Keys, mas logo descobre que nem tudo é o que parece neste paraíso tropical.
Data de Lançamento: 21 de março de 2024
Em No Submundo de Moscou, o famoso diretor de teatro Konstantin Stanislavsky (Konstantin Kryukov) está atrás de inspirações para a sua nova peça, decide ir até as favelas de Moscou, com ajuda de Vladimir Gilyarovsky (Mikhail Porechenkov), um especialista nesse assunto. A dupla acaba encontrando o bairro Khitrovka que é conhecido por resisdir muitos bandidos e acabam envolvidos em uma investigação do assassinato de um shik indiano com um passado misterioso.
Data de Lançamento: 21 de março de 2024
Inspirado em uma das músicas mais famosas do compositor e sambista brasileiro Adoniran Barbosa, o filme Saudosa Maloca apresenta um já velho Adoniran Barbosa (Paulo Miklos) narrando suas histórias de uma São Paulo que já não existe mais para Cicero (Sidney Santiago), um jovem garçom de um bar. Com falas e personagens eternizados nos sambas do compositor, ele relembra a vivência na maloca com seus amigos Mato Grosso (Gero Camilo) e Joca (Gustavo Machado), além da paixão deles por Iracema (Leilah Moreno). Com a ajuda do samba, o grupo de amigos sobrevive, mas tem suas vidas ameaçadas quando o bairro do Bixiga começa a passar por grandes transformações e a metrópole é lentamente engolida pelo “pogréssio”.
Data de Lançamento: 21 de março de 2024
Depois de três aventuras arriscando sua própria vida para derrotar os mais poderosos vilões, Po, o Grande Dragão Guerreiro( Jack Black) é escolhido para se tornar o Líder Espiritual do Vale da Paz. A escolha em si já problemática ao colocar o mestre de kung fu mais improvável do mundo em um cargo como esse e além disso, ele precisa encontrar e treinar um novo Dragão Guerreiro antes de assumir a honrada posição e a pessoa certa parece ser Zhen (Awkwafina) uma raposa com muitas habilidades, mas que não gosta muito da ideia de ser treinada. Como se os desafios já não fossem o bastante, a Camaleoa (Viola Davis), uma feiticeira perversa, tenta trazer de volta todos os vilões derrotados por Po do reino espiritual.