Asteroid City é a versão pixie manic dream girl dos filmes de 2023

Foto: Reprodução/Pop. 87 Productions

Ninguém acerta todas e Wes Anderson não está imune ao desapontamento. Nesta quinta-feira, 10 de agosto, chega aos cinemas brasileiros o novo filme do diretor e , desta vez, o risco que sempre toma não valeu a pena. Asteroid City é o tipo de produção que, mesmo ninguém gostando, vai ser cool dizer que é genial.

O lançamento acompanha uma série de personagens inusitados que se reúnem numa convenção de jovens brilhantes na cidade de Asteroid City. Tudo muda de lugar quando um evento que altera a realidade que conhece os mantem presos na cidadezinha, onde são obrigados a olhar para si mesmos.

Não me entendam mal, não é como se o filme fosse “inassistível” ou repugnante. Asteroid City tem várias qualidades. Para começar com a duração do filme: 1h45 é um tempo sublime de tela, tudo que precisa ser contato é contado no tempo certo, sem muita enrolação.

Asteroid City : Fotos Sophia Lillis, Jake Ryan, Grace Edwards (II)

Foto: Reprodução/Pop. 87 Productions

O elenco é brilhante. Tom Hanks, por exemplo, assume o papel mais interessante dos últimos anos de sua carreira. Depois de uma série de vovôs pacatos e um Gepetto esquecível, Stanley Zak é intrigante e cheio de nuances. Os adolescentes do filme também ganham o spotlight. Mesmo não sendo por eles que o público possa ir ao cinema, os cientistas mirins ganharão o coração dos que dispuserem a conferir Asteroid City nas telonas.

Scarlett Johansson e Jason Schwartzman trazem as melhores performances do filme, pena que sejam par personagens tão pacatos. A ex-Viúva Negra dá vida a uma atriz incompreendida enquanto Schwartzman interpreta um fotógrafo de guerra que tenta lidar com a morte recente de sua esposa. São papéis até comoventes, mas assim como o resto do filme, não levam a lugar algum.

Asteroid City : Fotos Grace Edwards (II), Scarlett Johansson

Foto: Reprodução/Pop. 87 Productions

Isso é um reflexo do roteiro de Anderson. Por sua estética ímpar e um currículo invejável, os atores veem na chance de fazer parte de um dos filmes do diretor uma oportunidade única. Mas dessa vez foi um erro. Asteroid City é um filme sobre uma peça de teatro que por sua vez é sobre tudo e nada ao mesmo tempo. A vontade de ser irreverente e enigmático não convence no lançamento. O filme é a versão pixie manic dream girl dos longa-mentragens de 2023.

Óbvio que a fotografia é de tirar o fôlego. Muito difícil assistir um filme do Wes Anderson e não se sentir jogado num liquidificador de cores. A simetria, as cores super saturadas e o figurino peculiar estão ali. Se você não gostar do roteiro, pelo menos viu umas imagens bonitas.

Talvez eu precise assistir de novo, talvez o filme não seja para mim, mas acho que na verdade Asteroid City foca no enigmático mas perde ao carisma. O diretor prova, apesar de acreditar no contrário, que não vale a pena apenas “continuar contando a história”.

Por Deyse Carvalho
10/08/2023 09h44

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