Quanto mais esperado é um filme, maiores são as chances de ser um fracasso… Assim foi com Alice através do espelho. Um filme com um elenco brilhante, um produtor como Tim Burton, efeitos especiais muito bons, mas um enredo fraco. Nos primeiros minutos de filme já ficamos na dúvida se uma continuação era mesmo necessária.
Tanto o primeiro filme quanto o segundo, têm como tema principal a coragem. Alice aceita grandes desafios e ela conquista tudo que se propõe a fazer. Uma das coisa boas do filme, além dos efeitos especiais.
Em “Alice através do espelho” inevitavelmente percebemos a semelhança com a atual situação do Brasil. O País das Maravilhas é o Brasil, um lugar onde todos querem ir, em busca de diversão, aventura, lugares lindos e insanidade. Tudo parece maravilhoso até que percebemos que as pessoas que vivem lá sempre esperam que um herói as salve de seus problemas, porque elas mesmas não fazem nada pra melhorar.
Alice está de volta a Londres depois de uma longa viagem pela China. Agora ela é capitã do navio de seu pai, seguiu os passos dele e realizou seu sonho. Mas ao chegar em casa se deparou com inúmeros problemas. Tantos que resolveu se refugiar novamente no País das Maravilhas e lá foi ela seguir a borboleta azul.
Alice sai de seus problemas e começa a querer resolver os problemas dos outros. O Chapeleiro Maluco está terrivelmente deprimido. Ele acredita que sua família ainda está viva, mas ao invés de ir procurá-los, ele prefere ficar em casa deprimido.
Acreditando que encontrar a família do Chapeleiro é a única forma de ele voltar a ser feliz, Alice sai em uma missão para voltar no tempo e salvar a família de seu amigo.
Então ela chega ao palácio do Tempo e rouba a Chronosfera, um objeto que alimenta o tempo de todo o País das Maravilhas e que sem esse objeto, no lugar certo, tudo corre terrível perigo de ser destruído. Mesmo sabendo do perigo que causará a todas as pessoas ela rouba. O roubo é justificado por ser a única forma de viajar no tempo e salvar a vida da família de seu amigo.
Alguma semelhança com o governo brasileiro?
O problema do Brasil é a cultura. São as crenças e a mentalidade de cada uma das pessoas que vivem no País. É a forma com que os brasileiros escolhem viver a própria vida e construir uma sociedade. O problema é tudo aquilo que aceitamos e chamamos de “jeitinho brasileiro” mesmo sabendo que é errado. O problema é agir sempre como a Alice, pensar nos seus ao invés de pensar no todo.
Nos países mais desenvolvidos o senso de justiça e responsabilidade é mais importante do que qualquer indivíduo. Há uma consciência social onde o todo é mais importante do que o bem-estar de um só. É por isso que países assim são desenvolvidos.
Alice é solidária, se sacrifica e faz de tudo por seus amigos e, por isso, não parece egoísta, mas ela se mostrou extremamente egoísta quando priorizou seu amigo Chapeleiro e não se importou com a destruição do País das Maravilhas. Assim como todos os políticos corruptos.
Você já parou para pensar por que as pessoas são corruptas? Provavelmente quase todas justificam suas mentiras e falcatruas dizendo: “Eu faço isso pela minha família”. Todos querem dar uma vida melhor para seus parentes, querem que seus filhos estudem nas melhores escolas e querem viver com mais segurança, conforto, luxo.
Quando um brasileiro prejudica outro cidadão para beneficiar sua família, ele não se sente egoísta. Ele não percebe que é esse comportamento que destrói o país. Para uma nação prosperar é preciso abrir mão dos próprios interesses para beneficiar um estranho se for para o bem da sociedade como um todo.
Por isso que o Brasil continuará tendo os mesmos problemas. A democracia não resolveu o problema. Uma moeda forte não resolveu o problema. Tirar milhares de pessoa da pobreza não resolveu o problema. O problema persiste. E persiste porque ele está na mentalidade das pessoas. Em todas as “Alices” que vivem por aqui.
O “jeitinho brasileiro” precisa morrer dentro de cada um. Não é porque ninguém está vendo que se tornou certo algo que é errado aos olhos de todos. A única forma de melhorar o país é se cada brasileiro decidir matar o “jeitinho brasileiro” dentro de si mesmo. Ao contrario de outras revoluções externas que fazem parte da história, essa revolução é interna. Precisa ser a vontade de cada um se tornar uma pessoa melhor e mais consciente.
É preciso definir novas perspectivas, novos padrões e expectativas para nós e para os outros. As pessoas que te cercam precisam ser responsabilizadas pelas próprias ações. Sim, seus filhos, amigos e parentes. Se uma pessoa sempre está atrasada então deixe que perca o compromisso, deixe que vá a pé e que resolva seus próprios problemas. Se uma pessoa sem dinheiro não quer trabalhar, deixe que passe necessidade até que perceba que precisa se esforçar mais. Se uma pessoa sempre faz dívidas, deixe se desesperar para aprender a administrar seus bens. Parem de ajudar as pessoas a serem fracassadas.
Parem de ajudar as pessoas a serem fracassadas. Parem de resolver os problemas das pessoas. Cada um é responsável pela própria vida, pelas próprias escolhas e pelo próprio destino.
Precisamos priorizar uma sociedade forte e segura acima de todo e qualquer interesse pessoal ou da nossa família ou amigos. Precisamos deixar que cada um lide com os seus próprios problemas, assim como não devemos esperar que ninguém seja obrigado a lidar com os nossos.
Essas são escolhas que precisam ser feitas diariamente. Até que essa revolução interna aconteça. As próximas gerações não podem mais repetir os mesmos erros. Enquanto os pais acobertarem pequenos erros de seus filhos, o país não vai melhorar.
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