Como nossos pais

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Nascemos deles, somos criados por eles, aprendemos muito com eles, seguimos os exemplos deles e passamos a vida tentando ter a aprovação, o amor e o reconhecimento deles. Nossos pais, querendo ou não, são as figuras mais importantes da nossa vida.

Grande parte dos nossos conflitos emocionais nascem da nossa relação com os nossos pais. Temos a sensação de que eles são adultos, sábios, responsáveis e que sabem mais do que nós. Formamos uma imagem deles como seres maduros e responsáveis. Essa é a nossa visão na perspectiva de filho, como se fôssemos crianças. Cobramos coisas que eles deveriam ter feito ou que deixaram de fazer, o carinho e a atenção que não recebemos da forma que queríamos. Não vemos que eles também são filhos. Sabemos disso racionalmente, mas não conseguimos enxergar isso em uma dimensão mais profunda, nos colocando no lugar deles de forma verdadeira. Não pensamos que eles são humanos frágeis que têm medos e que fracassam.

Nossos pais guardam muitos conflitos mal resolvidos herdados e causados pelos nossos avós, que por sua vez tiveram assuntos mal resolvidos com nossos bisavós, que por sua vez guardaram muita mágoa dos nossos tataravós que muito provavelmente sofreram em alguma situação de guerra, onde era proibido expressar sentimentos e até senti-los. E assim vai.

Pais sempre passam problemas mal resolvidos para seus filhos, crenças limitantes, raivas, medos e mágoas através de exemplos, ações e palavras.

Nossos avós possivelmente tinham problemas de autoestima, sofreram rejeição, agressões físicas, mágoas mal resolvidas, vários problemas emocionais que foram passados para os nossos pais, que passaram para nós, e que podemos passar para nossos filhos. Quase todos nós viemos de uma linhagem de conflitos mal resolvidos, de filhos com problemas com os pais. Quem nunca pensou sobre isso e tem questões mal resolvidas com os pais hoje vai passar parte dessa negatividade para seus filhos, que passarão para seus netos, até que alguém tome consciência disso e quebre essa corrente.

Os conflitos que carregamos têm uma dimensão maior e mais profunda do que vocês imaginam.

É comum pessoas de todas as idades terem mágoas dos pais de fatos ocorridos na infância: se meu pai não fosse tão repressor; se minha mãe tivesse me defendido; se não tivessem me rejeitado; se fossem mais presentes; se tivessem me dado apoio emocional, financeiro. Alguns têm consciência desses sentimentos, mas a maioria não. Essa é uma perspectiva de filho observando a situação de forma pontual, não pensando nos motivos que geraram esses comportamentos. E também é uma bela desculpa para algo que vai mal, culpar o outro por um problema na nossa vida, não assumir a responsabilidade de mudar e ficar eternamente reclamando que uma coisa não deu certo por causa dos pais.

Liberar os pais dessa culpa é tão importante para os pais quanto para nós mesmos. Perdoar, sair do papel da vítima, da criança magoada, e passar a ver os pais como seres humanos e que também são filhos. De uma forma horizontal, sem hierarquia, mas com respeito e reconhecimento de que eles são pessoas importantíssimas, pois foram ferramentas que possibilitaram nosso nascimento. Vê-los dessa forma nos torna mais adultos. Poder comandar o próprio destino, não ter mais a necessidade de culpar alguém pelos nossos problemas e fracassos.

Questões mal resolvidas com os pais interferem diretamente em todas as áreas da nossa vida. Quanto mais em paz estivermos com nossos pais, mais a vida fluirá. Não importa quão bom ou não eles foram, importa a sua posição em relação a eles.

Se você não está tendo bons resultados em sua vida, pense em quais conflitos você ainda tem guardado com seus pais, o que ainda não foi totalmente perdoado. Acredito que esse é um grande passo rumo à prosperidade!

Se estiver difícil de caminhar sozinho, faça terapia.

Por Luiza Franco
11/05/2015 10h34