“A cada vez que alguém sente o apelo da diferença em seu desejo, provavelmente terá de vencer séculos de repressão para chegar ao epicentro do seu eu.”
João Silvério Trevisan, Devassos no paraíso.
No texto de semana passada, ressaltei a importância de a comunidade LGBT se assumir e tomar o seu lugar de direito no espaço público. Apontei também batalhas que são travadas por homossexuais que vivem quem são publicamente. Nesta semana, eu gostaria de compartilhar a minha experiência com a homofobia e a descoberta da luta pelo direito de desejar diferente:
É assustador quando você percebe que já passou por uma situação em que poderia ter morrido, mas nem se deu conta. Com a homofobia é quase sempre assim, você é agredido apenas por ser diferente. Com o Senador Jean Wyllys é sempre assim, com o teu melhor amigo gay vai ser assim, comigo foi assim.
A minha experiência aconteceu em mais um dia normal de treino, exceto pela presença do meu então namorado na plateia. Era costume que as meninas levassem seus companheiros porque os jogos acabavam tarde. Era comum também que eles mantivessem gestos afetivos durante os intervalos.
O treinador tinha o hábito de fazer uma série de alongamento e aquecimento antes do break que precedia a partida amistosa. E foi nesse período que corri até o meu parceiro e o beijei, como todas as meninas sempre faziam. Uma voz grave ecoou pelo ginásio em sinal de advertência, ela vinha do segurança que assistia à cena.
Ele chegou até nós dois e falou: “Pode parar, é proibido se beijar dentro do ginásio”. Seus olhos vermelhos indicavam a violência por trás das suas palavras. O problema da homofobia é que ela vem em forma de um impulso violento por culpa da intolerância. Então, restou-me a submissão, a revolta e o afastamento.
O treinador, que vira tudo de um canto, colocou-nos para jogar e foi conversar com o segurança. Ele me confessou, depois, que não aguentou assistir àquela ação preconceituosa sem repreender o profissional, que considerava seu amigo. O que nenhum de nós dois entendeu foi o porquê de um homem negro, que sabe o que é viver em uma sociedade restritiva e racista, ter nos atacado com um ódio que ele também sofre todos os dias.
Esbarrei na linha tênue entre a vida e a morte alguns minutos mais tarde naquela noite. O motivo foi um sussurro, dois sorrisos e o que o segurança considerou uma distância inapropriada para dois homens estarem. Como em desenhos infantis, ele nos retirou da quadra pelos colarinhos. Fomos arremessados para fora e colocados no chão com um par de chutes nas costelas. “Se tentarem entrar novamente no espaço, podem estar certos de que as coisas serão diferentes”, disse.
Não me dei conta, na hora, de que a identidade de um homossexual é a diferença entre a sua morte e a sua existência. Em partes, eu morri naquele dia. Morri porque deixei que alguém me fizesse abrir mão de quem eu sou para ser aceito em um espaço. Mas, ao mesmo tempo, garanti a minha permanência física e a minha luta nesta sociedade por não ter revidado. Ser homossexual é viver suscetível a experiências de quase morte por causa da homofobia.
Se você gosta de poesia, semana que vem vou falar sobre uma poetisa que viu em outra mulher e no Brasil a inspiração para sua arte.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.