Casa Gucci traz a história da grife italiana com o sotaque das novelas brasileiras

Foto: Universal Pictures

Depois de Ford VS Ferrari, Fome de Poder e Joy: O Nome do Sucesso, outra marca famosa chega aos cinemas. O longa estrelado por  Lady Gaga e Adam Driver conta a trajetória dos últimos membros da família Gucci a comandar a grife e o infame assassinato de Maurício Gucci. Em imperceptíveis 158 minutos, Ridley Scott faz com Casa Gucci o que Dennis Villeneuve prometeu com Duna e não conseguiu: tornar a história popular e acessível, assim como as já conhecidas novelas das 21h.

Casa Gucci conta a história do improvável casal Patrizia Reggiani (Gaga) e o herdeiro de uma das mais tradicionais grifes italianas, Maurizio Gucci (Driver). A produção acompanha três décadas da história do Império Gucci. Com personagens caricatos e performances seguras, a história da família italiana tem a cara do público brasileiro. 

Assim como seu outro lançamento deste ano, O Último Duelo, Ridley Scott divide Casa Gucci em duas narrativas da mesma história: uma acompanhando Patrizia e a outra voltando seu foco para Maurizio. Infelizmente o formato não se adequa bem ao longa inspirado na família italiana. No terceiro ato, onde o ponto de vista e as motivações de Reggiani se tornam indispensáveis, o diretor escolhe negar à audiência o aspecto mais introspectivo da personagem.

A antecipada interpretação feita por Lady Gaga de Patrizia Reggiani caminha por uma linha tênue entre um trabalho fidedigno e uma extra caracterização da italiana, beirando a sátira. A Signora Gucci assume o papel de protagonista da trama até meados do segundo ato, onde junto com Pina, sua vidente interpretada por Salma Hayek, perde o chão e se torna mais um personagem do Zorra Total – o que não é necessariamente ruim. 

Foto: Universal Pictures

Por outro lado, Adam Driver ao dar vida a Maurizio Gucci entrega com nuances a trajetória do herdeiro que passa de um garoto tímido a um CEO obstinado ao longo dos anos. Ao assumir a segunda persona de Maurizio, Driver parece se repetir, escolhendo sempre os mesmos tipos de papel: homem privilegiado, rico e cheio de si.

Os holofotes se voltam felizmente para os coadjuvantes, tanto Salma Hayek quanto Jared Leto servem tanto como alívio cômico na trama quanto totem relacionável num universo cheio de magnatas e golpistas. Paolo Gucci, apesar do nome, é um artista incompreendido que não é levado a sério por sua família, e por sua ingenuidade acaba sendo alvo de Patrizia. Já Pina é a amiga interesseira e divertida que se popularizou nas tramas brasileiras.

Casa Gucci

Foto: Universal Pictures

Diferente de O Último Duelo, que apesar de um trabalho de fotografia, direção e roteiro bem avaliados não conseguiu atingir um número aceitável nos lucros das bilheterias, Casa Gucci, mesmo pecando no roteiro e caindo nos clichês fotográficos de Hollywood, tem grandes chances de cair nas graças do povo – e não apenas por ter Gaga no elenco.

Por Deyse Carvalho
25/11/2021 18h00

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