Não tem como falar de música pop sem falar do famigerado k-pop. Esse segmento, que é muitas vezes colocado em uma categoria à parte por conta de sua origem, alça voos cada vez mais altos, mas ainda é desconhecido de boa parte do público geral aqui no Brasil. Talvez uma maioria já tenha ouvido falar, mas o nome vem carregado de estereótipos e, muitas vezes, de preconceitos.
Para começar, vamos colocar nossa trilha semanal? Nesta coluna vamos falar de BTS. Sei que temos muitos grupos que eu poderia citar do gênero, e pretendo falar de muitos outros em colunas seguintes, mas vou focar nesta edição no que, sem dúvida, é hoje o nome mais conhecido – com números impressionantes e um trabalho gigante em todos os sentidos. Para dar o start, dá o play em “No More Dream”, música de estreia do grupo lançada em 2013. Muito diferente da sonoridade dos hits mais conhecidos do septeto, a música já apresentava letras intrigantes, nas quais o grupo incentiva os ouvintes a seguir seus sonhos ao invés de cair nas expectativas da sociedade.
Eu poderia fazer mais um texto sobre o mais recente recorde quebrado pelo grupo composto por sete jovens – RM, Jin, SUGA, j-hope, Jimin, V e Jung Kook, de 23 a 28 anos. No último domingo, 13 de junho, eles comemoraram oito anos desde sua estreia com dois shows intitulados Muster – seu encontro anual com os fãs – no qual quebraram o próprio recorde ao atrair 1,33 milhões de usuários pagantes de 195 países (vale lembrar que a média de valor do ingresso era em torno de R$ 230). Entre ingressos e venda de produtos de merchandising que acompanhou o evento, a BIG HIT MUSIC, responsável pelo grupo, divulgou ter arrecadado 71 milhões de dólares – algo em torno de 355 milhões de reais. “Butter”, atual single do grupo, está atualmente em primeiro lugar na Billboard Hot 100 pela terceira semana seguida.
Esses são apenas alguns feitos que explicam o motivo pelo qual o grupo estampa a edição de junho da renomada revista Rolling Stone com o título – “O triunfo do BTS. Como sete jovens superestrelas reescreveram as regras da indústria da música e se tornaram a maior banda do mundo”. Em entrevista para a publicação, o líder RM explica um pouco do que essa denominação significa. “Pensamos que tudo o que nós fazemos, e a nossa existência em si, está contribuindo para a esperança de deixar de lado a xenofobia, essas coisas negativas, para trás”, explica ele.
Quem vê apenas o lado do sucesso, dos recordes, do alcance, nem sempre vê a trajetória do BTS e de tantos outros grupos de seu país que, em sua grande maioria, não tiveram sucesso do dia para a noite. O relacionamento tão próximo com os fãs foi construído pouco a pouco. Em relação ao BTS, foi apenas em 2015 que o grupo começou a ter relativo sucesso no seu país de origem, e o boom internacional veio em meados de 2017, com o single “DNA” e sua primeira apresentação na televisão americana. É impressionante ver a discografia e os trabalhos do grupo durante todos esses anos – a impressão que temos é que eles não param nem para respirar.
Vamos para a próxima música? “I Need U”, de 2015, marca o primeiro prêmio do grupo em um programa musical coreano, e também o ponto de partida do BU –
BTS Universe – uma história fictícia que fala dos dramas e dificuldades da geração contada por meio de diversos videoclipes e curtas lançados pelo grupo.
Explicar em detalhes a origem do gênero k-pop levaria algumas edições dessa coluna, então tentarei ser breve para quem ainda não sabe muito sobre o gênero. O que conhecemos hoje como k-pop começou na década de 90, quando o país teve os primeiros sinais de abertura para gêneros de outros países, em especial o euro pop e o hip hop, rock e música eletrônica americana. Nessa época, estreia o trio Seo Taiji & Boys, pioneiros por usarem o rap na música popular coreana e por levarem à tona letras que lidavam com problemas atuais da sociedade. Na segunda metade da década surgem as três principais empresas de entretenimento responsáveis pelo gênero – a SM Entertainment, YG Entertainment e JYP Entertainment – conhecidas como as “Big Three”. A partir daí, começa o pontapé inicial para a grande ascensão de grupos conhecidos como “idols” – os ídolos – focados no público jovem.
A então Big Hit Entertainment (hoje Hybe), responsável pelo BTS, era no início dos anos 2010 uma pequena empresa perto das Big Three. Hoje, graças ao sucesso estrondoso de seu artista principal e pelo enorme leque de empresas em seu guarda-chuva – que variam desde gravadoras, produtoras de conteúdo, a rede social Weverse, produtores de games e aplicativos, e muito mais – a empresa figura como principal no universo das promotoras de entretenimento não só em seu país de origem, mas no mundo. Recentemente, comprou 100% das ações da Ithaca Holdings, que inclui em seu portfolio a empresa que gerencia artistas como Justin Bieber e Ariana Grande, por mais de 1 bilhão de dólares.
Um dos motivos que explica todo esse sucesso é que, em meio a uma indústria focada na perfeição dos ídolos musicais, o BTS trouxe um discurso real, letras que tratam de problemas atuais do seu público, temas importantes como saúde mental, entre tantos outros assuntos relevantes, pontos que foram essenciais para seu destaque e crescimento. Sua relevância nesse âmbito levou o grupo a falar por duas vezes – em 2018 e 2020 – na Assembleia Geral da ONU.
Vamos para a próxima música? Partimos para “Outro : Wings”, de 2016. Essa é uma favorita minha e não consigo deixar de fora da lista. A música aparece originalmente no álbum Wings, de 2016, com o título de “Interlude : Wings”, e depois ganhou versão estendida em 2017, no álbum You Never Walk Alone. Nela, SUGA canta: “eu acredito em mim mesmo. Minhas costas doem porque as minhas asas estão surgindo. Eu acredito em você, mesmo que as coisas pareçam obscuras agora. O final vai ser incrível.”. Alguns versos depois, j-hope e Jung Kook harmonizam: “Eu tomei uma decisão. Eu vou ter confiança incondicional. É hora de ser forte, eu não tenho medo, pois eu acredito que eu sou diferente de antes”.
Pode parecer que o BTS já alcançou o mundo, mas eles ainda esbarram diariamente nas dificuldades que sua origem carrega. Em agosto de 2020, o grupo lançou seu primeiro single totalmente cantado em inglês – “Dynamite”. Foi apenas com essa canção que eles conseguiram finalmente a posição número um na cobiçada parada musical americana, a Billboard Hot 100. Poucos meses depois, ainda com a música em alta, o grupo lançou o álbum BE, liderado pelo single “Life Goes On”. Cantada em sua maior parte em coreano, a música praticamente não foi tocada nas rádios americanas, mesmo com sua grande demanda por parte dos fãs. As rádios, inclusive, são uma das principais barreiras que o grupo tenta pouco a pouco derrubar.
O conteúdo em coreano, que poderia ser uma barreira, é totalmente desmistificado por um trabalho excepcional dos fãs. Pouco depois que qualquer trabalho é publicado ou lançado, os grupos de fãs já começam a traduzir e disponibilizar para que seja acessível para todos. Isso acontece em todo o mundo. Ouvir BTS parece fazer você se sentir parte de uma comunidade que realmente é global, e não apenas centrada no que vem dos Estados Unidos.
Chegamos agora em “Spring Day”, de 2017, uma das músicas de maior sucesso do BTS até hoje. Trata-se de uma balada que fala de amor e, em especial, perdas. Apesar de não ser dito oficialmente, acredita-se que a canção foi inspirada em uma enorme tragédia que aconteceu em 2014 em Seul, capital da Coreia do Sul. O náufrago de um ferry boat fez com que 304 dos 476 passageiros a bordo morressem, entre eles 250 jovens estudantes do ensino médio. O fato rendeu inúmeras críticas ao governo por sua resposta lenta ao resgate, e o mesmo teria tentado silenciar artistas que buscavam falar a respeito. “Flocos de neve caem pouco a pouco, eu sinto sua falta. Quanto tempo terei que esperar, quantas noites terei que deixar passar para te ver?”, diz a canção.
O próprio grupo diz em praticamente todas as suas entrevistas o quanto seus fãs são tão importantes quanto o próprio BTS, e que levam o crédito junto ao grupo por todas as conquistas. ARMY significa originalmente “Adorable Representative M.C. for Youth” – adoráveis representantes da juventude; mas que adotou também o significado da palavra em inglês – “exército”. O grupo de fãs protege, dá força, incentivo, e trabalha ao lado do grupo para alcançar suas inúmeras conquistas. Essa relação transparece dos dois lados como uma ajuda e parceria mútua e honesta. O artista é grato aos fãs pelo apoio, os fãs gratos ao artista por tudo o que eles oferecem e por quão duro trabalham para levar seus projetos, letras inspiradoras e performances aos fãs.
Partimos para mais uma música, “MIC Drop”, de novembro de 2017. Nela, o BTS traz uma canção em resposta a todo o “hate” que recebem. RM conta que a canção foi inspirada em um discurso do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama na Casa Branca em 2016, no qual o líder americano finaliza sua fala ao jogar o microfone e falar “Obama out” (Obama fora). A ideia é símbolo de confiança e autoestima, e trouxe a ideia de fazer uma música que falasse exatamente desse sentimento. “Você viu minha mochila? Ela está cheia de troféus. O que você acha disso? Os haters já estão desistindo”. A música tem a sua versão original com letras em sua maior parte em coreano, e ganhou um remix com Steve Aoki e versos em inglês.
Voltando ao ARMY, essa relação entre fã e artista não fica apenas na música. Assim como o BTS é conhecido por inúmeras ações filantrópicas como a campanha “LOVE MYSELF” (“ame a si mesmo”) com a UNICEF (parceiros desde 2017) que tem por objetivo acabar com violência e negligência e promover a autoestima e bem-estar de crianças e jovens, e a doação de 1 milhão de dólares ao movimento Black Lives Matter em 2020 – o Army também trabalha fortemente em ações sociais por todo o mundo. No ano passado, os fãs dobraram a doação feita pelo grupo ao Black Lives Matter em apenas 25 horas. No Brasil os atos são muitos, e atualmente está no ar a ação ARMYs Contra a Fome, campanha colaborativa para financiamento de cestas básicas em parceria com a Fiocruz. Conheça mais sobre clicando aqui.
Outra música favorita que eu não poderia deixar de fora é “Black Swan”. A canção vem do álbum Map of the Soul: 7 – o mais vendido em todo o mundo em 2020, e tem dois clipes oficiais – um deles trata-se de um filme arte com coreografia da companhia de dança eslovena MN, que dançam ao som de uma versão orquestrada da música. O filme começa com uma frase de Martha Graham que diz: “um dançarino morre duas vezes – a primeira quando para de dançar, e esta morte é a mais dolorida”. A letra da música gira em torno dessa ideia, quando uma pessoa perde o seu objetivo de vida, sua vocação. Na canção, SUGA canta: “calmamente, eu abro meus olhos. No local onde trabalho, no meu estúdio. A escuridão em ondas me traz agonia. Mas eu nunca vou desistir. Dentro, eu vejo eu mesmo, eu mesmo”.
Depois dessa jornada (longa, eu sei), o que eu gostaria de incentivar é que você, querido leitor, ouça cada vez mais música sem pré-julgamentos. Seja lá de onde vier. Ninguém é obrigado a gostar de tudo, mas é importante valorizar um trabalho bem feito. Essencialmente, a música pop que vem da Coreia do Sul é muito bem produzida. Tudo é feito com atenção a cada detalhe, verso, conceito. É, em suma, música pop. Não há motivo algum para separá-la ou colocá-la em um universo isolado dos demais.
Para fechar a lista em 7 (só podia ser 7), vamos de “Life Goes On”. A canção é a resposta do grupo para a pandemia que estamos ainda enfrentando. 2020 teria sido muito diferente para o BTS se não existisse a COVID-19 – uma turnê mundial estava prevista originalmente. “Dynamite” poderia nunca ter sido lançada. O grupo fechou o ano com o álbum BE, que teve por objetivo trazer conforto aos fãs neste momento tão difícil. Na canção, eles cantam: “Não conseguimos ver o fim. Será que existe saída? Meus pés se recusam a se mexer. Feche os olhos por um momento. Segure a minha mão. Para aquele futuro, vamos fugir”.
Vamos?
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.