Quando converso com minha família e meus amigos sobre a pandemia, nós costumamos dividi-la em temporadas. “Lembra daquela live? Foi na primeira temporada da pandemia“. Ou então, “Acho que esse filme passou em algum drive-in, na segunda temporada da pandemia”.
Nosso planejamento mais audacioso considerava que enfrentaríamos um ano de isolamento social. Passamos dessa marca em março de 2021. É uma realidade que assusta e que, por isso, coloca as pessoas na defensiva.
O online não é bom, nem ruim. O online é diferente. E, como tudo, todos e todas que são diferentes, encontra resistências e críticas pelo caminho.
É importante ter em mente que o setor cultural é um setor econômico como qualquer outro. E a pandemia, apesar do que muita gente parece achar, não é um jogo de faz de conta que termina quando a gente cansa de brincar.
É crise para a área da saúde, da educação, para empresas grandes e pequenas. Cada um com seus problemas, todos só queremos que acabe o quanto antes.
Para a maioria das pessoas, quando as coisas vão mal, a válvula de escape mais próxima é o evento cultural. Cinema, shows, exposições, teatro ou simplesmente ligar a rádio e deixar que a música torne o ambiente mais leve.
Da posição de público, na qual eu me encaixo, é muito fácil dar de ombros, generalizar e apontar dedos. Dizer que para tudo tem jeito e que temos outras prioridades no momento. Mas só quem é produtor ou empreendedor cultural sabe a dificuldade que o setor está passando nesta pandemia.
São essas pessoas que lidam com entretenimento como mercado, como o ganha-pão que paga os boletos no fim do mês e não como lazer e distração. E quantos de nós não nos preocupamos mais do que o normal em manter nossos empregos no último ano?
Depois da minha conversa desta semana com Laura Haddad e Michele Menezes, as criadoras do QG da Produção, porém, pude ver um outro lado para essa história, o lado dos produtores que enxergam possibilidades.
Conheci o QG em agosto de 2020 pelo Instagram, logo no primeiro post. O tema me interessou. Segui o perfil, fui explorar o site e o canal no YouTube. Todos com pouco conteúdo ainda, pois eram os primeiros dias do projeto. Ao longo dos meses, percebi a diversidade de opções que o QG oferece. O material vai de informações práticas e diretas a mentorias individuais, passando por vídeos de debates, provocações e reflexões.
É, de fato, um quartel-general. Um espaço de encontros e trocas de experiências, como a própria Michele definiu em nossa conversa. “A nossa proposta é compartilhar, trazer ideias, às vezes também outras pessoas que trabalham com produção, exemplificar coisas que achamos interessantes“, disse ela logo no início da nossa conversa.
Muito dessa essência, acredito, se concentra na relação entre Laura e Michele. Duas amigas que se identificam e se complementam. Perdi as contas de quantas vezes ao longo de nossa conversa uma citou um aspecto da outra sem o qual o QG teria fracassado ainda nos primeiros meses.
Para mim, essa dinâmica ficou clara quando pedi às duas que me contassem seus melhores momentos neste quase um ano de QG. A resposta da Michele foi:
“Nosso primeiro encontro presencial foi um vídeo para o QG. Eu estava em um lugar de expectativa. Era a primeira vez que eu veria a Laura de novo, as pessoas que trabalham conosco e foi meu primeiro vídeo também. Eu saí extasiada. Naquele momento a nossa parceria se concretizou“.
Para Laura, a melhor parte é a relação construída com o público, a qual ela dá o crédito à Michele.
“Recebemos feedbacks de todo o Brasil. Conseguimos nos relacionar com pessoas que nunca vimos na vida e com muita intimidade. A relação que ela [Michele] conseguiu construir com o nosso público é um trunfo que a gente tem. Essa relação de afetuosidade é a coisa mais linda. Isso mostra que sim, há muito amor na pandemia“.
Esse espírito de colaboração transborda para o conteúdo. No QG, o conhecimento é entregue para quem quiser e precisar. Ali se conectam produtores e aspirantes a produtores em todo o país, uma das vantagens de se existir em um ambiente online.
“No caso do QG, ele foi criado para esse ambiente e, como não houve adaptação, eu acho que o processo dele é bem natural mesmo. É bem diferente de quando você vai produzir um projeto e tem que transpor para o virtual. O QG foi criado para isso mesmo e é uma experiência diferente“, me explicou Michele.
Laura complementa que, como artista e pesquisadora na área das artes cênicas, a percepção que têm do significado da palavra “presença” não se limita à presença física. Por que não ir além? Explorar outras possibilidades e outros meios.
“Produzir na pandemia está fazendo com que a gente não veja essas possibilidades que já estão aqui na nossa frente, mas que a gente não quer ver porque não deu tempo de digerir, de descobrir os processos, de se redescobrir dentro dessa nova realidade. Tudo foi muito avassalador“, comentou Laura.
A palavra “presença” se ressignificou desde o ano passado. Agora ela é utilizada como oposto à palavra “virtual”. O “presencial” passou a representar um mundo mágico onde podemos encontrar nossos amigos, abraçar pessoas na rua e deixar as máscaras para uso exclusivo dos profissionais da saúde e da estética.
Quando utilizamos o “presencial” apenas em oposição ao “virtual” para quantas possibilidades nos fechamos? Quais ações deixamos de tomar? Será que não estamos nos acomodando demais?
E, se estivermos, por quê? O que podemos fazer para nos colocar em movimento novamente? Precisamos atender nossa saúde física? Mental? Precisamos nos reencontrar com o público?
Talvez tenha chegado o momento em que se tornou inevitável voltarmos a pensar no cenário cultural enquanto comunidade. Quem é a nossa comunidade cultural? O que podemos fazer para ela e por ela? Como podemos colaborar com nossos colegas? Quais ações podemos tomar?
São muitas perguntas, mas, se podemos tirar pelo menos uma lição da história do QG da Produção é essa: retomar nossa presença nos espaços culturais é possível e o ambiente virtual é só mais um dentre o leque de possibilidades. Vamos explorá-lo?
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.