Com a indicação ao Oscar, a animação francesa “Perdi meu Corpo” consegue um novo fôlego e volta a ganhar a atenção merecida dentro da Netflix. O protagonista azarado, os diálogos que nos prendem e temas corriqueiros criam um filme interessante, que vale a pena ser assistido.
Conhecemos a história de Naoufel, um jovem que perdeu os pais em um acidente de carro cedo, não tem a melhor sorte com o início da vida adulta e também perde sua mão. Acompanhamos três momentos cronológicos: a infância de Naoufel, a história da mão sem corpo e o presente de Naoufel.
O protagonista latino tem seus sonhos de ser astronauta e pianista, morando com seu tio grosseiro e trabalhando como motoboy. Todo seu passado é revisitado com seu antigo gravador, e olha que a vida do menino foi sofrida.
A obra, que tem apenas 80 minutos, demorou sete anos para ser produzida, e não falha na qualidade principalmente visual. É sob a direção de Jérémy Clapin em seu primeiro longa metragem que nós viajamos para essa versão bem urbana de uma animação 2D.
Mesmo sendo nada Hollywoodiano, o filme cabe perfeitamente em uma plataforma de streaming. Depois de darmos o play, não vemos o tempo passar.
“Perdi meu corpo” se torna uma animação adulta assumida desde a primeira cena. O apelo visual é bem gráfico, já nos primeiros minutos assistimos um olho ser pisado e violência contra animais. É nesse embalo que somos guiados para as aventuras mais surrealistas que passamos com a Mãozinha.
E outros destaques para o cuidado dos traços, com belíssimos efeitos de luz e sombra, texturas bem feitas e diversas vezes a simulação dos movimentos de uma câmera. A fotografia é, para mim, a melhor das animações indicadas ao Oscar.
Ao mesmo tempo que emergimos nessa história com uma trilha sonora caprichada e ilustração em sua excelência, o texto pode ser considerado o grande defeito do filme.
O roteiro (desculpa) perde a mão em desperdiçar muitos dos seus melhores elementos para se perder nessa mensagem em aberto, que demora pra acontecer e pode deixar público bem decepcionado. Com isso, joga fora a chance de emocionar muita gente e criar um novo clássico.
Afinal, não ganhamos algo do tipo “A parte que falta em mim”, aquele livro infantil que se tornou um best-seller brasileiro após a narração da youtuber Jout Jout. A reflexão típica do cinema francês trabalha com essa subjetividade, só dando pistas em cenas curtas e de livre interpretação.
É impossível não torcer pela protagonista secundária do filme, a jornada da mão que funciona com seu próprio enredo. Em um paralelo bem distante, a Mãozinha é quase como um Scrat da franquia “A Era do Gelo” – e pode ser até a parte mais legal do filme para muitos.
O romance stalker de Naoufel e Gabrielle, a bibliotecária introspectiva, é algo que incomoda bastante nos primeiros momentos, mas ainda assim é importante para entendermos a mensagem do filme. Se estamos falando sobre buscar um significado e se reencontrar, também faz parte vermos decisões imaturas e erros.
Não vemos quase nada de tecnologia atual, já que provavelmente isso poderia atrapalhar a narrativa que nos é apresentada. Poderia soar pedante um filme sobre a juventude moderna que falasse sobre tecnologia e desafeto, ainda mais feito para ser disponibilizado na internet.
“J’ai perdu mon corps” (título original) é um filme sobre se reconectar de uma forma simplista, sem grandes reviravoltas. É sobre aceitar seu passado e rejeições, e entender que não precisa de muito para olhar para o futuro. Só não recomendo que para a cura do público não seja necessário o final catártico de Naoufel.
Em tempos que o 3D avança tão rapidamente, o estilo da animação chega em boa hora aos serviços de stream, já acompanhado de filmes como “Klaus” (2019) e “Homem Aranha no Aranhaverso” (2018) que levaram estatuetas importantes.
Essa estética diferente e, ainda mais, animações estrangeiras conseguindo seu espaço nas indicações novamente é uma verdadeira vitória para o gênero. Então podemos esperar ótimas surpresas nos próximos anos.
Crítica por Gabriel Krambeck, especial para o Curitiba Cult.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.