Em 1909, D.W. Griffith estreou seu curta-metragem A Drunkard’s Reformation. O drama narra a história de um homem que ao voltar para sua casa embriagado, tratando sua esposa e filha com hostilidade, decide ir, acompanhado de sua filha, à uma peça de teatro. O homem vê, então, na peça uma cena em que um marido alcoólatra bate em sua esposa na frente de sua própria filha. Ao se identificar de imediato com o marido em cena, o homem (que está em meio ao público do teatro) toma consciência de seu comportamento e decide mudá-lo pelo bem de sua família. Deixando de lado todo o aspecto pedagógico de recuperação do personagem do filme de Griffith, vamos nos ater ao momento de epifania do protagonista – Me Chame Pelo Seu Nome está repleto deles, não só nos próprios personagens do filme, mas principalmente em seus espectadores.
Dirigido por Luca Guadagnino, o filme é o terceiro da Trilogia do Desejo do diretor – composta também por I Am Love (2009) e A Bigger Splash (2015). Mas calma, esses filmes não têm relação alguma (exceto a abordagem sobre o desejo) com o longa, são todos obras independentes. A trilha-sonora original é de Sufjan Stevens e a direção de fotografia é assinada por Sayombhu Mukdeeprom.
A narrativa é apresentada a partir do ponto de vista de Elio (Timothée Chalamet), um jovem de 17 anos que mora no norte da Itália nos anos 80. Seus pais recrutam, uma vez por ano, um acadêmico para passar seis semanas na casa da família durante o verão, para que ele tenha a chance de revisar seus manuscritos antes da publicação. Na ocasião, Oliver (Armie Hammer), um norte-americano de 24 anos que está escrevendo sobre Heráclito, é o escolhido. O desenvolvimento do filme acompanha então o nascimento e os desdobramentos do amor entre esses dois personagens.
O objeto de estudo de Oliver é um dos indícios dos caminhos que André Aciman (autor do livro que deu origem ao filme) tomou para narrar a jornada de amadurecimento de Elio e o crescimento do amor do casal. O filósofo pré-socrático, considerado o pai da dialética, defendia que “nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem“. Aplicada ao filme, essa ideia representa não apenas a impossibilidade de que um amor como os que os dois vivem naquele momento se repita com igual desejo, intensidade ou circunstâncias, mas também, em consequência, a necessidade de, verdadeiramente, vivê-lo – por seu caráter único e passageiro, como o rio de Heráclito.
Além do filósofo, as esculturas gregas que são importantes em cenas-chave do filme também dão pistas sutis sobre o dilema enfrentado pelos personagens. Em determinado momento, Oliver conversa com o pai de Elio, que ensina para o estudante que algumas esculturas helenísticas (esculpidas sobre a influência de Praxíteles) desafiam o observador a desejá-las a partir de sua ambiguidade em não ter idade – por meio da “suavidade da curva” que o escultor impunha em suas obras. O dilema enfrentado por Oliver ao desejar Elio, de apenas 17 anos, se espelha na relação que o público estabelece com a obra de Praxíteles.
Mas, retomando a epifania de A Drunkard’s Reformation, assim como o homem de comportamento indevido do filme de Griffith se identificou com o protagonista da peça que assistia, é muito fácil o espectador se identificar com Elio – e talvez essa seja o grande trunfo da produção. A proposta de Griffith, ao mostrar que o processo de identificação e empatia que sentimos por personagens em manifestações artística é capaz de despertar e elucidar questões pessoais, aqui se concretiza. Qualquer filme com uma história bem contada e uma trilha-sonora certeira consegue fazer seu público se emocionar e relembrar antigas paixões. Me Chame Pelo Seu Nome, assim como apostava Griffith, te faz entendê-las. Entender que elas aconteceram em momentos e situações que nunca se repetirão, e que é isso que as tornam únicas e especiais.
O longa estreia em todo o Brasil nesta quinta-feira (18).
Data de Lançamento: 19 de dezembro
As Crônicas de Uma Relação Passageira conta a história do romance entre Charlotte (Sandrine Kiberlain) e Simon (Vicenti Macaigne) que se conhecem em uma festa. Charlotte é uma mãe e solteira, já Simon é um homem casado e sua esposa está grávida. Eles se reencontram num bar e começam um relacionamento repleto de percalços. Ela é mais extrovertida, pouco preocupada com o que os outros pensam. Ele é mais tímido e retraído. A princípio, os opostos realmente se atraem e ambos concordaram em viver uma relação apenas de aventuras, mas tudo se complica quando os dois criam sentimentos um pelo outro e o que era para ser algo muito bom, acaba se tornando uma relação perturbadora.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Dirigido e roteirizado por Pat Boonnitipat, a trama dessa ficção emocionante, Como Ganhar Milhões Antes que a Vó Morra, acompanha a jornada do jovem When M (Putthipong Assaratanakul), que passa a cuidar de sua avó doente chamada Amah (Usha Seamkhum), instigado pela herança da idosa. O plano é conquistar a confiança de sua avó, assim será o dono de seus bens. Tendo interesse apenas no dinheiro que Amah tem guardado, When resolve largar o trabalho para ficar com a senhora. Movido, também, por sentimentos que ele não consegue processar, como a culpa, o arrependimento e a ambição por uma vida melhor, o jovem resolve planejar algo para conseguir o amor e a preferência da avó antes que a doença a leve de vez. Em meio à essa tentativa de encantar Amah, When descobre que o amor vem por vias inimagináveis.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Um aspirante a escritor utiliza um alter ego para desenvolver seu primeiro romance. Em Sebastian, Max é um jovem de 25 anos que vive como escritor freelancer em Londres trabalhando com artigos para uma revista. Ter um livro publicado fala alto na lista de desejos do rapaz e, então, ele encontra um tema para explorar: o trabalho sexual na internet. Se a vida é um veículo de inspiração para um artista, Max corre atrás das experiências necessárias para desenvolver a trama de seu livro. Com isso, durante a noite, Max vira Sebastian, um trabalhador sexual com um perfil em um site no qual se oferece pagamentos por uma noite de sexo. Com essa vida dupla, Max navega diferentes histórias, vulnerabilidades e os próprios dilemas. Será que esse pseudônimo é apenas um meio para um fim, ou há algo a mais?
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Uma comédia em que grandes segredos e humilhações se cruzam e vem à tona. Histórias Que é Melhor Não Contar apresenta situações com as quais nos identificamos e que preferimos não contar, ou melhor, que preferimos esquecer a todo custo. Encontros inesperados, momentos ridículos ou decisões sem sentido, o filme aborda cinco histórias com um olhar ácido e compassivo sobre a incapacidade de controlar nossas próprias emoções. Na primeira história, uma mulher casada se vê atraída por um rapaz que conheceu em um passeio com o cachorro. Em seguida, um homem desiludido com seu último relacionamento se vê numa situação desconfortável na festa de um amigo. Na terceira, um grupo de amigas atrizes escondem segredos uma da outra. Por último, um professor universitário toma uma decisão precipitada; e um homem casado acha que sua mulher descobriu um segredo seu do passado. Com uma estrutura episódica, as dinâmicas do amor, da amizade e de relacionamentos amorosos e profissionais estão no cerne desse novo filme de Cesc Gay.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Lee, dirigido pela premiada cineasta, Ellen Kuras, vai contar a história da correspondente de guerra da revista Vogue, durante a Segunda Guerra Mundial, Elizabeth Lee Miller. O filme vai abordar uma década crucial na vida dessa fotógrafa norte-americana, mostrando com afinco o talento singular e a tenacidade dela, o que resultou em algumas das imagens de guerra mais emblemáticas do século XX. Isso inclui a foto icônica que Miller tirou dela mesma na banheira particular de Hitler. Miller tinha uma profunda compreensão e empatia pelas mulheres e pelas vítimas sem voz da guerra. Suas imagens exibem tanto a fragilidade quanto a ferocidade da experiência humana. Acima de tudo, o filme mostra como Miller viveu sua vida a todo vapor em busca da verdade, pela qual ela pagou um alto preço pessoal, forçando-a a confrontar um segredo traumático e profundamente enterrado de sua infância.
Data de Lançamento: 19 de dezembro
Prólogo do live action de Rei Leão, produzido pela Disney e dirigido por Barry Jenkins, o longa contará a história de Mufasa e Scar antes de Simba. A trama tem a ajuda de Rafiki, Timão e Pumba, que juntos contam a lenda de Mufasa à jovem filhote de leão Kiara, filha de Simba e Nala. Narrado através de flashbacks, a história apresenta Mufasa como um filhote órfão, perdido e sozinho até que ele conhece um simpático leão chamado Taka – o herdeiro de uma linhagem real. O encontro ao acaso dá início a uma grande jornada de um grupo extraordinário de deslocados em busca de seu destino, além de revelar a ascensão de um dos maiores reis das Terras do Orgulho.