Era uma noite chuvosa em Curitiba quando nos reunimos para escutar pela primeira vez o disco inédito da cantora e compositora potiguar Cida Airam. Havia raios e trovões daquela noite, para a apresentação da prata da casa da calorosa Natal (RN) e radicada no Paraná com o tempo suficiente para ter o entendimento do seu cantar. O clima peculiar da cidade onde Cida é acolhida nem de longe intimidou as raízes culturais dessa cunhã, pelo contrário.
Foi na capital paranaense, motivada pelas saudades de sua terra que Cida Airam celebra a autenticidade do seu primeiro disco solo. “A compositora que habita em mim despertou em Curitiba, por causa da saudade da minha terra. As quatro composições que assino nesse CD são sementes desse sentimento”, exprimi a cantora sobre o álbum homônimo gravado nos estúdios da Gramofone+Musical com produção e direção assinadas por Luis Otávio Almeida e Álvaro Ramos.
Das 13 músicas do CD, Cida conseguiu sintetizar todas as referências sonoras de sua terra natal. E com características nordestinas avassaladoramente fortes, bem construídas e amarradas entre as faixas, o canto forte e devoto da compositora possibilitou em seu primeiro abre alas a personalidade autêntica de sua palavra escrita e cantada. “Não tem como fugir. A nossa voz mostra tudo. O meu cantar não foge disso. Fui descobrindo a minha voz, cantando, cantando, desafinando, errando, acertando, construindo, experimentando e estudando”, revela a artista com mais de 20 anos de estrada e diversas conquistas e experiências adquiridas em shows internacionais como, em Barcelona e Galícia. Apresentações determinantes para a consolidação de sua personalidade musical.
O disco foi lançado há três meses, mas em 2016, Cida Airam segue com seu trabalho de divulgação. Do seu aclamado CD, no palco, as músicas ganham novas proporções e constroem atmosferas mais vívidas e possibilita uma imersão sobre a brasilidade de Cida. De toda a vivência artística da cantora, ela optou em fazer o lançamento de se seu disco em espaços distintos onde o público pudesse dançar e interagir com as canções que vervem fortemente entre a singularidade do coco de roda, baião, e em alguns momentos remetem ao caboclinho.
Com letras de compositores de distintas gerações como, Carlito Birolli, Luis Felipe Leprevost, Carlos Careqa, Adriano Sátrio, Arrigo Barnabé, Du Gomide, Marcia Catunda, Jacinto Silva, Antonio Saraiva, Troy Rosilho, Matheus Lacerda e Hélio Cristiano, a pluralidade cantada de Cida é apresentada em seu disco de estreia e fortalece o cenário do hall das cantoras brasileiras. E embora ela não esteja em sua cidade de nascimento, escutar e assistir a performance de Cida Airam é a oportunidade primordial para se aproximar de toda a rica cultura nordestina que essa mulher porreta carrega consigo mesma por onde quer que vá. Confira a entrevista exclusiva que o Curitiba Cult fez com a cantora, confira:
Curitiba Cult: As cantoras das bandas lá de cima vervem sua cultura popular de maneira vibrante e sempre devotas à sua origem. Na forma que você expressa seu canto, vem muito de encontro do entoar, onde cada palavra tem a sua significância e maneira de ser cantada. No seu disco, é muito evidente em algumas faixas, esta característica. Como foi o processo de descoberta do seu cantar?
Cida Airam: Eu não sou uma cantora das “bandas lá de cima”. Sou uma cantora brasileira mestiça. Estou cantando hoje o resultado das minhas vivências no nordeste e no sul do país. O meu Brasil é imenso e tem milhares de maneiras de cantá-lo. Por isso, não fiquei presa a estereótipos e nem a modelos vocais genéricos. A expressão de cada cantor(a) vem de suas origens e verdades. Não tem como fugir. A nossa voz mostra tudo. O meu cantar não foge disso. Fui descobrindo a minha voz, cantando, cantando, desafinando, errando, acertando, construindo, experimentando e estudando.
Das 13 faixas do disco, você assina algumas composições. Destas, “Tunina” reflete, de forma intrínseca, sua relação com sua origem, ainda em Natal. O que lhe motivou e de qual maneira surgiram as duas canções?
Na verdade, existem 4 composições minhas nesse disco: Flor das águas, Tunina, Para badeba quiki e Procissão de Ipês. “Tunina” é uma homenagem às benzedeiras brasileiras. A canção virou uma congada. Tunina era uma mulher negra que benzia a comunidade do bairro do Alecrim, onde eu morava quando criança, lá em Natal(RN). Tenho lindas e fortes recordações espirituais dessa senhora negra e mágica. “Flor das águas” é uma ciranda de ritmo festivo, melodia e letra nostálgica, uma homenagem à mainha. “Procissão de Ipês” vem antes dessa encarnação. É modal e medieval. “Para Badeba Quiki” é um forró moderno, em que recito um cordel do poeta Potiguar Hélio Crisanto.
Neste processo de divulgação, você já realizou uma série de shows. A compositora que habita em você se motivou a realizar novas letras?
A compositora que habita em mim despertou em Curitiba, por causa da saudade da minha terra. As quatro composições que assino nesse CD são sementes desse sentimento. Agora, outros frutos estão nascendo com outras inspirações e sentimentos. Aguardem!
Das músicas que compõem seu disco de estreia, diversos compositores foram gravados por você. Como foi o processo de escolha até chegar a este repertório? Outras músicas ficaram de fora? Por quê?
Vixe, é difícil demais escolher um repertório para gravar. Mas eu parti primeiro para experimentar as músicas no palco. Cantei bastante antes de gravá-las. Depois, elas ganharam mais força com um arranjo mais elaborado, outros instrumentos e até uma ousadia a mais na interpretação.
O Luís Otávio assina boa parte dos arranjos do disco. Há quanto tempo vocês se conhecem e como foi o processo de trabalho entre vocês?
Luís e eu nos conhecemos há pouco tempo. Mas tempo suficiente para sentir que deu liga. Ele é consumidor de música brasileira e de vários ritmos. É um cara comprometido com o trabalho que faz, um baita arranjador e um músico organizado (raridade). Tudo fluiu muito bem. Ele entendeu o que eu queria e fomos, juntos, buscando os timbres, as nuances, as dinâmicas e o resultado nos alegrou demais.
A partir de qual momento desperta essa vontade em você de realizar o disco? Como foi o processo de produção?
A vontade de gravar um disco sempre existiu. A grana é que era curta e o meu desenvolvimento vocal ainda não me agradava. Produzir esse disco foi uma nova gestação e um novo parto. É tanta emoção! Choro e riso se confundem. Depois que o filho nasce, ele vai para o mundo… E daí ninguém segura.
Existe a lenda da maternidade, principalmente entre as cantoras, que quando se tornam mãe, o lirismo e a poética em se transpor a própria arte ganham novas dimensões. Com você, foi fato ou é mito?
Maternidade é uma explosão de hormônio. Não tem lirismo nem romantismo porra nenhuma. A vida ganha novas dimensões e a dor do parto normal é tão grande que não dá tempo de pensar em ter medo. Depois que Samuel nasceu, minha voz foi mais para fora ainda, saiu rasgando. Não tive tempo para estudar como eu iria cantar. Entrar no estúdio para gravar é um negócio muito frio. Tinha que chegar lá e mandar brasa. Algumas faixas me deram mais trabalho e o resultado saiu como eu queria. Eu não quis transpor nada anteriormente calculado. Só botei pra fora o que eu já sabia de mim, da minha dor e da minha alegria.
Durante as fases de gravação do disco, o que você escutava para incorporar em todo o rito do seu projeto?
Durante as fases de gravação eu ouvi: o choro de meu filho Samuel, minha própria voz acalentando ele para dormir e as opiniões e conselhos de Luís Otávio. Antes de gravar, ouvi muito o CD “Convoque seu Buda” e pirei na interpretação de Criolo. Esse cara é incrível!
A música de abertura do disco se chama “Aparelho de Memoriar”, da Patrícia Polayne, de Aracaju, e conta com a participação da cantora e compositora brasiliense, Janine Mathias. E raramente, ainda mais em um disco de estreia, eu me atrevo a dizer, é uma ousadia das boas fazer esta integração entre as gerações do cenário artístico, dando visibilidade logo na primeira faixa. Como você vivencia o panorama dessa integração entre os músicos locais em seus diferentes estilos e a sua música?
Eu, particularmente, gosto de misturar alguns elementos para ter um resultado estético mais ousado. Com Janine, por exemplo, foi uma ótima mistura.
No seu show de lançamento, no Paiol, a sonoridade, junto à estética do seu figurino tem uma vibração muito mais emotiva. Como você administra toda essa garra? Você pretende lançar o registro ao vivo? Quais as perspectivas com o disco para o próximo ano?
O figurino é de Paula Villa Nova, do Rio de Janeiro. Como eu administro essa garra? Passei uma semana para me recuperar de tanta emoção. Administro nada (risos). A expectativa para este ano é de muito trabalho. Cantar e cantar e cantar esse CD.
No dia 23 de janeiro, Cida Airam se apresenta durante a 34ª Oficina de Música de Curitiba com a participação especial da cantora e compositora Janine Mathias e da cantora Iria Braga. Confira aqui os shows que o Curitiba Cult listou para esta edição do evento e as informações para o show da cantora.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.