A sétima arte nos permite entrar e vivenciar mundos e histórias que jamais teríamos possibilidade de imaginar caso ela não existisse. Claro, há a literatura e há o teatro, mas apenas o cinema traduz em imagens as épocas e contextos de que apenas tínhamos ouvido falar. O cinema nos permite ver e viver outras vidas. Como ferramenta histórica, a cada ano o cinema nos presenteia com histórias épicas como Ben-Hur, trágicas como Titanic e fantasiosas como Star Wars.
Para o Dia Nacional da Consciência Negra, resolvemos listar aqui 7 filmes sobre o racismo e a situação escravagista que são fundamentais. Nem todas são necessariamente obras-primas da sétima arte, ainda que haja algumas, porém são fundamentais para que possamos melhor compreender quais eram os contextos históricos e sociais durante essa parte triste da nossa história. Vamos lá?
O filme conta a história real do negro Solomon Northup, que, em 1841, vivia junto com sua família. Violinista notável, Solomon foi chamado para um trabalho em outra cidade, onde foi acorrentado e, posteriormente, vendido como escravo. Mesmo sendo um negro livre, foi aprisionado pelo racismo. Pelos próximos 12 anos, Solomon teve que aguentar as mesmas humilhações físicas e psicológicas que os outros escravos vivenciaram naquela época. Um detalhe pouco mencionado mas fundamental nessa obra é que o diretor Steve McQueen é também negro. Pode parecer bobeira, mas isso será fundamental quando formos falar de outro filme sobre a escravidão. Vencedor de 3 Oscar (Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Atriz Coadjuvante, com a fantástica Lupita Nyong’o), 12 anos de escravidão é um filme forte, contundente e essencial.
Brasil, dias atuais. Uma empregada doméstica que é “quase da família” trabalha rotineiramente atendendo os desejos de seus patrões. Um dia, ela recebe a notícia que a sua filha, que tinha deixado para trás no Nordeste para vir trabalhar, está vindo para São Paulo fazer o vestibular. Com a chegada da menina, todas as dinâmicas serviçais, rotineiras e todo o status quo daquela microssociedade se transformam abruptamente, mostrando de forma clara como a herança escravagista do país ainda está entranhada nos alicerces da sociedade, mesmo que nem percebamos isso. Que horas ela volta? é o filme escolhido pelo Brasil para concorrer ao Oscar em 2016. Uma obra cativante, com atuação memorável de Regina Casé e com uma história tão atual quanto antiga.
1965. Alabama. Um homem chamado Martin Luther King Jr. é um dos principais líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos EUA. No mesmo ano em que recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo seu ativismo político e pacífico contra as desigualdades raciais, Luther King ajudou a organizar a marcha que sairia da cidade-título do filme rumo à capital do estado, Montgomery. Mas é óbvio que a sociedade não iria permitir que isso acontecesse de forma tão simples. Vencedor de 1 Oscar (Melhor Canção Original – Glory), Selma retrata um capítulo pontual, porém fundamental no progresso antirracial na sociedade estado-unidense.
https://www.youtube.com/watch?v=5DTWvCuS6-s
Também ambientado na década de 60 nos EUA, Histórias Cruzadas conta a história de uma jornalista recém-formada que, ao retornar para sua pequena cidade de origem, começa a questionar o tratamento dado pelos brancos às suas empregadas domésticas, negras. Então ela decide escrever um livro contando o ponto de vista dessas negras em relação à sociedade, dando voz a quem nunca tinha tido essa oportunidade. Porém, Histórias Cruzadas é um filme problemático. Não apenas enquanto filme, mas principalmente enquanto mensagem.
Ele existe para contar a realidade das mulheres negras nessa época e nesses estados sulistas, porém a maior parte do filme se passa nas casas de seus empregadores, não nas casas delas. Por isso, apesar de se propor a mostrar a vida dessas mulheres, elas nunca são realmente mostradas. Mas o principal demérito do filme reside na mensagem final da história, afinal, são as pessoas brancas que, de uma forma ou de outra, salvam e ajudam as negras (daí o nome original do filme, The Help). Isso é uma autoindulgência absurda e egoísta, dizendo que, se não fossem por eles “brancos”, o que seriam delas, “negras”? E tanto o diretor quanto a autora do livro que deu origem ao filme são brancos. Pode parecer bobeira, mas se compararmos a relevância dessa história com a relevância do 12 anos de escravidão, faz muito sentido. Vencedor de 1 Oscar de Atriz Coadjuvante para Octavia Spencer (Viola Davis merecia bem mais), Histórias Cruzadas é um filme cuja mensagem é problemática, porém, enquanto recorte histórico, é soberbo.
https://www.youtube.com/watch?v=AhZ01cpI4xQ
Esse filme independente de 2014 é praticamente desconhecido do grande público. Porém, é um dos que melhor abordam essas questões raciais impregnadas na sociedade atual. Utilizando situações exageradas e diálogos afiadíssimos carregados de ironia e sarcasmo, o longa começa quando um grupo de alunos brancos de um colégio decidem fazer uma festa com temática negra. Óbvio que eles fazem tudo errado, o que leva os alunos negros a fazerem uma manifestação. E aí… Bom, tem que assistir. Vencedor de vários prêmios de festivais independentes, Cara gente branca é o filme que você tem a obrigação de mostrar para aquela pessoa que insiste em dizer que existe “racismo inverso”.
Esse é um filme nacional, coproduzido com a França e conta a história de um grupo de escravos que se rebelam e fogem, por entre as matas, até chegarem ao famoso Quilombo dos Palmares. Lá eles encontram centenas de outros escravos fugitivos que lutam para manter o cerco contra o exército imperial, conhecendo o lendário Zumbi dos Palmares, cuja morte serve de tema para o Dia Nacional da Consciência Negra.
Outra produção nacional, esse é um filme difícil de ser explicado sem entrar em maiores detalhes contextuais e narrativos. Porém, podemos dizer que ele faz um paralelo entre o comércio de escravos de séculos atrás com a atual miséria da população e de que forma essa miséria é explorada pela mídia, pelo governo e pela sociedade. Não é um filme fácil, mas é uma obra crua e honesta.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.