O que é uma foto boa? Qual é a melhor foto nos dias de hoje? A resposta dada por Leandro Taques é direta: a primeira foto que chega na agência. Isso, claro, se tratando do hardnews, ou seja, a notícia quente, aquela da hora.
Essa foi uma das discussões que rolaram na apresentação de Marcelo Andrade e de Taques, ambos fotojornalistas, no workshop de Fotografia e Convergência, na edição do Curitiba Social Media 2015.
A intenet junta todos os meios de comunicação tradicionais, e isso acaba ampliando a disseminação de fotografias. Há a possibilidade de publicar mais fotos online, mas o profissional encontra um grande desafio, que é estar preparado para voltar para o jornal com notícia, informações, com a foto e de forma autônoma.
Jornais tradicionais em várias partes do mundo estão demitindo repórteres fotográficos e dando aos repórteres de redações um smarthphone. “Não é que não se faz fotografia com o celular, mas não é simplesmente apertar o botão”, explica Taques. Você precisa ter bagagem e estudar a fotografia para cumprir o papel como agente informativo. “O fotojornalismo acaba ficando comprometido, a informação chega com ruído”. O interesse é publicar a notícia primeiro, de forma imediata, em tempo real, caso contrário, seu concorrente publica antes e você perde a matéria.
Marcelo Andrade brinca: “Repórter multimídia não é um canivete suíço”. Trata-se de valorizar cada etapa de produção. Quando uma pessoa é responsável por fazer tudo ao mesmo tempo, há um grande prejuízo para a fotografia e para o jornalismo. “Cada um com sua linguagem. Tem o cara que é bom em texto e o bom em fotografia. Claro, tem o bom em ambos. Mas o fator tempo pesa, na época da internet, você precisa agilizar. E o produto feito por um único profissional acaba perdendo qualidade nesse sentido.”
Marcelo Andrade, é fotojornalista há 10 anos, trabalha na Gazeta do Povo e é professor de fotografia no Centro Europeu. Confira o bate papo com ele:
Quando se fala na crise que o jornalismo tradicional enfrenta hoje, qual é seu sentimento?
As demissões são lamentáveis porque muitos são seus colegas de profissão. Lamentável, também, porque o mercado fica enxuto, e ele não abre espaço para as novas gerações brilharem dentro das redações.
Como lidar com os desafios de hoje?
Estude e se aperfeiçoe para conduzir um bom texto de maneira prática, funcional, rápida. Também para produzir uma fotografia com linguagem boa, ter uma plástica fotográfica. Faça o mínimo de erros possíveis. Saiba lidar com a internet de forma rápida porque em questão de segundos seu concorrente pode postar a notícia e você perdeu aquele instante.
E pra quem começa?
Seja pentelho, tenha a crise que for, tem que ir bater na porta, buscar conhecimento, estudar, buscar onde tá acontecendo a notícia, levando o equipamento – mesmo simples, mas sabendo transmitir, dando a cara a tapa. Dizer que o mundo está restrito, ou totalmente fechado pode ser para as redações, mas as agências estão aí dando conta do recado. Muitas delas até precisando de força-tarefa, e aí contam com a ajuda dos freelas.
E pra quem quer seguir com o fotodocumental hoje?
Você precisa de uma boa história, um bom projeto e ter algo relevante. Fazer por fazer não te leva a lugar algum, mas, se você tem uma pauta estruturada, tem um caminho traçado, embasamento, leitura, peso nas fotos. Tendo o escopo do trabalho, cabe a você ir atrás de incentivo público ou privado. E hoje ainda tem o crowdfunding, tem a rede de contatos. Espalhe nas redes sociais, pra divulgar e poder se bancar. Há formas e modos. Basta saber o que quer e como executar. Se você faz tudo conduzindo da melhor forma, dará certo.
Bruna Teixeira, especial para o Curitiba Cult.
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