Liniker decola “Caju” com maestria no palco e entrega total em Curitiba

Liniker na turnê Caju - cantora se apresentou em Curitiba. Foto: Larissa Kreili.
Foto: Larissa Kreili

“10 Minutos Para o Embarque”, apareceu a projeção no tecido que cobria o palco de Liniker nesse sábado (07/12). A Live Curitiba, lotada, gritou. As referências ao “voo mais bonito” da vida da cantora já circulavam antes de começar a apresentação da turnê “Caju“. E muita gente embarcou: ontem foi apenas a primeira noite de shows na capital paranaense. Liniker abriu uma segunda data, neste domingo (08), depois das vendas encerrarem em poucas horas. E a apresentação de sábado comprova que essa viagem vale muito a pena. O quarto lote ainda está à venda para ingressos pista; os VIPs estão todos encerrados.

O palco ganha o forte tom caju alaranjado e a silhueta da cantora aparece centralizada. A banda e quatro backing vocals acompanham o começo de “Caju”. Ela, com um paletó rosa, se aproxima do público assim que tiram o tecido. Em seguida, “Tudo” e, logo depois, “Veludo Marrom”. Liniker comanda o palco para os dois lados: olha o público, passeia por todos os lados, e interage com a banda o tempo todo, como quem comanda uma orquestra.

Controle

Liniker tem uma visão muito certeira do que deseja apresentar, e é visível que, mesmo se divertindo no palco, não deixa passar detalhes e controla bem a equipe. A banda é reduzida em comparação a outras apresentações como em São Paulo, mas não menos competente. Fejuca, um dos produtores do disco, toca baixo. Os backing vocals são uma atração à parte, quatro talentos que parecem ter sido escolhidos a dedo.

Todos bem ensaiados, se movimentam pelo palco, interagem entre si, constroem cenários com suas roupas laranja circulando Liniker, que brinca com o figurino. Ao todo, quatro estilos diferentes. Depois de emocionar com “Veludo Marrom”, troca de paletó para um look esvoaçante em “Negona Dos Olhos Terríveis”. No telão, cenas que vão de paisagens a vídeos da cantora combinam com o clima das músicas e da competente iluminação. A fumaça foi exagerada no começo. O som também, principalmente do instrumental, levou algumas faixas para ser acertado. Mas nada que tirasse o brilho da cantora.

Generosa

Mesmo quando está na parte mais alta e afastada do palco, Liniker troca muito com a plateia. Puxa palmas, olha como se quisesse fazer contato visual com cada um ali. E o público, da mesma forma, devolve. Acompanha cada movimento, vibra com as interações. Liniker abre muito espaço para a banda brilhar. Os backing vocals ganham momentos solo em partes diferentes, os músicos também. Os cantores se divertem e apresentam solos marcantes.

E a equipe é muito coesa. É perceptível que querem entregar um show memorável. Quando acontece uma falha técnica, como quando um vídeo no telão travou enquanto Liniker se trocava, os cantores pareciam nervoso. Logo, um músico assumiu um improviso e todos no palco acompanharam. Nesse meio tempo, não se deixam espaços vazios, cada momento é ocupado com muito talento.

Um “Caju” Visual

O aspecto visual é muito valorizado na turnê. Não só as cores das roupas e luzes, mas no telão. Além dos vídeos, algumas cenas são transmitidas na hora, com um cameraman filmando expressões e detalhes da cantora. “Papo de Edredom” consegue ficar ainda mais intimista, quando Liniker se entrega às caras e bocas, deita, rebola – e a plateia vai ao delírio. Efeitos visuais surgem sobre o vídeo na hora, criando toda uma experiência. Em um de seus retornos ao palco com outro look, faz toda uma encenação, transmitida no telão, valorizando a narrativa da popstar que percorre o disco.

Como Liniker disse no palco, “Caju” é “um disco que fiz pra me presentear”, e que ela queria dividir com o público. Por isso, tanta atenção aos detalhes, tanta entrega. “Que seja uma noite de muitos sonhos”, comentou ainda, mencionando as vitórias recentes. O show aconteceu poucos dias depois dela levar quatro Prêmios Multishow, incluindo Artista do Ano.

Outros trabalhos de Liniker

Com uma roupa lembrando uma líder de torcida, ela aparece para um bloco dedicado a outros trabalhos. Aqui, ela cantou “Sem Nome, Mas Com Endereço”, por exemplo, e falou com carinho do disco anterior. “Meu primeiro álbum, que me trouxe determinação, me trouxe autoestima, me trouxe meu primeiro Grammy Latino”, lembrou. Faixas da época de Liniker e Os Caramelows, como “Caeu”, também marcaram presença.

Assim como o disco “Caju” tem uma narrativa, o show também acompanha essa jornada. Tanto que as músicas não fogem tanto à ordem. Os outros trabalhos conseguem aparecer de forma bem natural, antes de ela retornar para entregar “Popstar”, música que faz jus ao título, bem pop. Por fim, um figurino laranja-caju com bastante brilho anunciava a parte mais disco do show que conduz às últimas faixas do álbum, como “Deixa Estar”.

Liniker pediu ao público que cantasse, comandou coro e sambou – muito. A cantora entregou um trabalho muito bem pensado, coeso, com uma equipe talentosa e uma apresentação de fôlego. Em uma hora e meia, cativou o público do início ao fim, mostrando o poder de “Caju” e o quanto sua viagem sonora, cada vez mais madura e bem construída, vale demais a passagem.

Confira o Setlist da apresentação de sábado (07/12) da Liniker com a turnê “Caju” em Curitiba:

“Caju”

“Tudo”

“Veludo Marrom”

“Negona Dos Olhos Terríveis”

“Mayonga”

“Papo de Edredom”

“Me Ajude A Salvar Os Domingos”

“Sem Nome, Mas Com Endereço”

“Psiu”

“Baby 95”

“Caeu”

“Popstar”

“Febre”

“Pote De Ouro”

“Deixa Estar”

Por Brunow Camman
08/12/2024 12h33

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