Crítica: Drama histórico “A Favorita do Rei” abre Festival Varilux

A Favorita do Rei. Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação

Aguardado desde a primeira exibição no Festival de Cannes do ano passado, “A Favorita do Rei” estreia nos cinemas brasileiros. E com toda a pompa que a corte francesa merece: na programação do Festival Varilux de Cinema Francês 2024. O filme foi exibido na abertura do evento, dia 06/11, apresentando o drama histórico da última amante do Rei Luís XV. O Festival Varilux vai de 07 a 20 de novembro.

A artista Maïwenn assina o roteiro, a direção e é protagonista de “A Favorita do Rei”. Ela interpreta Jeanne, que apesar de ter nascido pobre, logo ascende socialmente, indo de cortesã a condessa Du Barry e amante do rei. Jeanne é inteligente e sedutora, e logo se apaixona por Luís XV e tenta firmar sua posição social, enquanto vive esse romance.

Revisão

“A Favorita do Rei” traz uma visão mais complexa de figuras femininas da corte francesa. Assim como “Maria Antonieta” (2006), de Sofia Coppola, busca apresentar essas mulheres de um período pré-Revolução Francesa com uma ótica mais humanizada. Por muito tempo vistas como fúteis ou vilãs, hoje são entendidas de formas mais complexas. Inclusive, Jeanne aparece como personagem no filme de Sofia, ainda vilanizada. Mas, no filme de Maïwenn, o ponto de vista da amante do rei é mais aprofundado e multifacetado.

Por outro lado, diferente de “Maria Antonieta”, a linguagem de “A Favorita do Rei” é mais tradicional. A narrativa biográfica passa rapidamente pela infância para chegar ao encontro de Jeanne com o rei, já que é o período mais conhecido e controverso de sua vida. A construção da personagem é muito bem feita, e a atuação de Maïwenn é convincente. A troca entre ela e Jhonny Depp consegue delinear bem a trama, apesar de longa. A diretora parece dedicar muito tempo à subtrama de Maria Antonieta, enquanto acaba acelerando o final. Depp entrega uma de suas melhores interpretações nos últimos anos, saindo dos exageros óbvios à la Jack Sparrow.

Tradição e excentricidade

A narrativa mais tradicional é acompanhada de cenas e enquadramentos também tradicionais. “A Favorita do Rei” tem um bom roteiro e a dinâmica dos atores são seus principais trunfos. Contudo, há um pouco de desperdício de cenas amplas de cenários como castelos e jardins, que poderiam ser melhor registrados. O exagero da corte da época ganha destaque em cenas que divertem e movimentam a trama, especialmente na primeira metade do longa. Maïwenn sabe aproveitar os momentos em que Jeanne Du Barry choca a corte com suas excentricidades e pouca disposição para seguir convenções, o que torna a personagem mais interessante.

Varilux

“A Favorita do Rei” foi selecionado como um dos 20 filmes do Festival Varilux, que acontece em diversas cidades brasileiras. A programação completa com as salas de cinema e outras grandes produções da França está no site do evento.

Por Brunow Camman
07/11/2024 17h44

Artigos Relacionados

Festival Varilux homenageia Alain Delon a partir desta quinta-feira (07)

Crítica: “Ainda Estou Aqui” traz sensibilidade ao lidar com memória da ditadura