Seja você mesmo, mas só se você for legal

Todo mundo já deve ter ouvido em algum momento aquele conselho “seja você mesmo”, mas o que não nos falaram é a continuação que ele tem. “Seja você mesmo, mas só se você for legal”, e, no caso das mulheres, essa frase continua: “Seja você mesma, mas só se você for legal, inteligente, bonita, simpática, feminina, forte, guerreira, boa filha, boa mãe, boa esposa, boa profissional…” Caso contrário, não seja você mesma, seja um pouco diferente, seja melhor do que você é.

Se fôssemos nós mesmos o tempo todo viveríamos sozinhos, principalmente se sua natureza é ser sincero, crítico, chato ou egoísta.

Esse nosso lado que não é muito admirável é a nossa sombra, todos nós temos. Para Carl Jung, a Sombra representa aquilo que consideramos inferior, nosso pior lado, nossos defeitos. São as características negativas da nossa personalidade. Faz parte da nossa natureza, não podemos eliminá-la, pois a dualidade está presente em tudo nesse mundo. Então somos em parte bons e em parte maus. O que quer dizer que não podemos ser exatamente quem somos, temos que nos adaptar para viver em sociedade.

O saudável é ter autoconhecimento, saber quais são nossas qualidades e quais são características da nossa sombra. Saber que estamos em movimento e em construção. Buscar mudanças positivas que nos tornem a nossa melhor versão, e não outro alguém diferente.

O conselho “seja você mesmo” é válido se encarado como “não tente ser outra pessoa muito diferente de quem você já é”.

Como descobrir quando o “seja você mesmo” não é um bom conselho?

Você já se sentiu inadequado? Com a roupa errada, com o sapato errado, com as pessoas erradas? Todos nós passamos por isso algumas vezes. Nesse momento, a pergunta que nos vem é: “Como eu posso me adequar?”. Claro que essa pergunta não vem de uma forma tão explícita, ela vem escondida no inconsciente, refletida em timidez, rebeldia, baixa autoestima, arrogância, crueldade, tristeza, raiva, mágoa… E até em excesso de animação ou bondade. De tantas formas que às vezes uma pessoa passa uma vida se sentindo inadequada, apresentando vários desses sintomas, sem conseguir entender. Nesse caso, o “seja você mesmo” não vai adiantar.

É preciso achar uma forma de que o “seja você mesmo” te faça feliz.  Tem momentos em que não podemos simplesmente bater o pé falando “eu sou assim, quem quiser que me aceite do jeito que eu sou”.  As pessoas só gostam de pessoas agradáveis e que não as desafie nem as confronte e que não sejam totalmente sinceras. Pessoas que não apresentem ameaça.

Talvez seja o caso de pensar em mudar alguns aspectos, se adaptar aos outros com quem você convive. É preciso pensar o quanto você quer agradar e o quanto você quer se agradar. Achar onde é esse equilíbrio. Assumir suas características se você gostar de quem você é.

Se não estiver feliz com quem é ou não estiver tendo resultados bons, deve buscar ajuda para mudar. Ter humildade de perceber que do jeito que está não está bom. Não tem nenhum problema em “não ser você mesmo”, desde que você “não tente ser outra pessoa muito diferente de quem você já é”.

Por Luiza Franco
09/11/2015 09h00