‘O Estranho que Nós Amamos’ funciona, apesar de frieza

Se existe um tipo de produção que sempre chama atenção e acaba destoando dos demais são os filmes de época. Volta e meia eles dão as caras arrebatando indicações em premiações, principalmente nas categorias de roteiro adaptado e figurino. O nome da vez é O Estranho que Nós Amamos, estreia desta quinta (10) nos cinemas.

Baseado no livro homônimo de Thomas Cullinan de 1966, e que já foi levado às telonas em 1971 com Clint Eastwood. A trama se passa em um internato de mulheres durante a Guerra Civil americana de 1864. Quando um soldado inimigo ferido é resgatado pelas moradoras, despertando assim uma inesperada tensão entre todos.  Nicole Kidman, Kirsten Dunst, Elle Fanning e Colin Farrell compõem o excelente elenco.

O longa foi apresentado em Cannes, tendo Sofia Coppola como diretora e na adaptação do roteiro. Ela inclusive foi premiada como melhor direção no festival, é apenas a segunda mulher na história a receber tal prêmio. Coppola segue aqui um gênero que já se habitou a fazer muito bem: o drama. Marca também sua volta aos filmes de época, após o elogiadíssimo ‘Maria Antonieta’.

O Estranho que Nós Amamos é um filme grandioso em vários sentidos, porém não suficientes para cativar. Todos os elementos que rodeiam esta produção são dignos de respeito, só que não funcionam sozinhos; precisam ornar corretamente. E é no meio disso tudo que acabamos por receber um filme ótimo, mas que poderia ser muito mais.

Sofia Coppola é certamente a responsável pelo sucesso do que está sendo apresentando em cena. É apenas o sexto filme da diretora em quase 20 anos desde que assumiu tal posto. Todos são dirigidos, escritos e produzidos unicamente por ela e isso representa o quão importante ela é na realização. Sabe muito bem como criar uma linha lógica, introduzir personagens, elaborar a tensão e nos fazer comprar a ideia. Apesar de não aparecer diretamente, ela é o grande trunfo de O Estranho que Nós Amamos.

A trama é cheia de fatores simbólicos que podem passar despercebidos. Trata da inocência e como ela pode se transformar ou até mesmo ocultar facetas que não imaginamos. As atuações são instigantes e bem realizadas, mas assim como o filme, não comovem. O Estranho que Nós Amamos é frio e se conclui rapidamente numa duração de 90 minutos. Tudo é apresentado e concluído sem muita delonga, deixando um vazio e falhando ao não mostrar pra que veio. Não há muito aprofundamento de história e quando menos percebemos aquilo que mal começou já está finalizado.

Nota: 8,0

Trailer – O Estranho que Nós Amamos

Por Adalberto Juliatto
10/08/2017 01h31