É alta noite quando Marisa entra no palco. Veste puros preto e prata – negra cintilância de véus, coroas e mãos, sobretudo mãos, que, com arabescos e volutas, desenham no ar um rastro de poeira cósmica. Retorcem-se quase em dor: invocação de sereia, sortilégio da voz. Caímos todos, arrastados para um fundo de mar.
O menino revira a caixa de CDs da tia. O feminino se imprime: de torso nu, coberto só de um colar de pérolas, a mulher traz os seios em riste.
No contraponto agudo do refrão de Amor I Love You, é permitido que, sem vergonha ou julgamentos, os meninos gritem fino.
No livro didático, Rosa, do Pixinguinha. O estudante lê e relê a letra, até decorar. Sente-se, por isso, superior aos colegas. Em casa, em segredo, canta acompanhando a gravação.
O melhor aluno da sala entra em um embate sobre a interpretação de O Que Me Importa (que, um dia, ele aprenderá a tocar ao piano). Por mais que, do outro lado, o professor de literatura insista, ele não se dobra a seus argumentos: descobre que, naquele terreno, marcha com segurança.
O rapazote insere o CD no som do carro. É sempre ele a selecionar as músicas que, no caminho até o colégio, todos serão obrigados a escutar. A mãe nunca deixa que a irmã escolha nada. Ela se ressente, ele se aproveita – pela milésima vez: bom dia, comunidade!
Velha Infância estoura na novela. O rapaz repete a música obcecadas vezes, olhos fechados, pensando na menina por quem se crê apaixonado. Nunca concretizará nada: a paixão não é por ela, mas pelo sofrimento do que não se quer realizar.
O rapaz posta no facebook: sorri seus dentes de chumbo. Uma conhecida comenta: que menino sofrido. Ele nunca a perdoará. O masoquismo deseja suportar tudo – menos a ironia.
M. tem o costume de capotar no meio das festinhas. Naquele dia, F. se aproveita da soneca e, de joelhos diante da amiga adormecida, com o violão na mão, canta e toca “e no meio de tanta gente eu encontrei você, entre tanta gente chata, sem nenhuma graça”. M. segue dormindo, alheia à seresta. O efeito cômico é irresistível e estrondoso. O grupo inteiro ri, e só então M. se acorda.
Para brincar na gangorra, dois. Na foto, a melhor amiga abraça o homem por trás, e ambos sorriem. Em pouco mais de um ano, ele terá permanentemente se mudado dali.
Por amar Segue o Seco, o namorado ganha admiração – e, assim, também alguns meses a mais de um relacionamento que já é mais amizade do que namoro.
O homem retorna ao bar que, quatro anos antes, visitara por ocasião de uma prova de concurso, em uma cidade a dois voos de distância. Na legenda da foto: “linger on”. Para voltar dali para casa, agora bastam alguns quarteirões.
Suspendeu-se toda sensação: não há mais frio, ou cansaço, ou fome, apesar de correrem longas as horas da noite. No fim, Marisa pergunta sobre o que é que a vida fez da nossa vida, mas, bruxa e sibila, some em meio à escuridão abissal. No silêncio que se forma, nada além do eco de minha própria voz.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e inspirado no romance de Milton Hatoum, vencedor do Prêmio Jabuti, explora a saga de imigrantes libaneses no Brasil e os desafios enfrentados na floresta amazônica. A história começa no Líbano de 1949, onde os irmãos católicos Emilie (Wafa’a Celine Halawi) e Emir (Zakaria Kaakour) decidem deixar sua terra natal, ameaçada pela guerra, em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece e se apaixona por Omar (Charbel Kamel), um comerciante muçulmano. Contudo, Emir, tomado por ciúmes e influenciado pelas diferenças religiosas, tenta separá-los, o que culmina em uma briga com Omar. Emir é gravemente ferido durante o conflito, e Emilie é forçada a interromper a jornada, buscando ajuda em uma aldeia indígena para salvar seu irmão. Após a recuperação de Emir, eles continuam rumo a Manaus, onde Emilie toma uma decisão que traz consequências trágicas e duradouras. O filme aborda temas como memória, paixão e preconceito, revelando as complexas relações familiares e culturais dos imigrantes libaneses em um Brasil desconhecido e repleto de desafios.
Data de Lançamento: 21 de novembro
A Favorita do Rei é um drama histórico inspirado na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV. Jeanne Vaubernier (interpretada por Maïwenn) é uma jovem ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Seu amante, o conde Du Barry (Melvil Poupaud), enriquece ao lado dela e, ambicionando colocá-la em um lugar de destaque, decide apresentá-la ao rei. Com a ajuda do poderoso duque de Richelieu (Pierre Richard), o encontro é orquestrado, e uma conexão intensa surge entre Jeanne e Luís XV (Johnny Depp). Fascinado por sua presença, o rei redescobre o prazer da vida e não consegue mais se imaginar sem ela, promovendo-a a sua favorita oficial na corte de Versailles. No entanto, esse relacionamento escandaloso atrai a atenção e o desagrado dos nobres, provocando intrigas e desafios que Jeanne terá de enfrentar para manter sua posição privilegiada ao lado do monarca.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Em A Linha da Extinção, do diretor Jorge Nolfi, nas desoladas Montanhas Rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Unidos por um objetivo comum, eles embarcam em uma jornada repleta de perigos, enfrentando criaturas monstruosas que habitam esse novo mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.
Data de Lançamento: 21 de novembro
Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.
Data de Lançamento: 20 de novembro
No suspense Herege, Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são duas jovens missionárias que dedicam seus dias a tentar atrair novos fiéis. No entanto, a tarefa se mostra difícil, pois o desinteresse da comunidade é evidente. Em uma de suas visitas, elas encontram o Sr. Reed (Hugh Grant), um homem aparentemente receptivo e até mesmo inclinado a converter-se. Contudo, a acolhida amistosa logo se revela um engano, transformando a missão das jovens em uma perigosa armadilha. Presas em uma casa isolada, Paxton e Barnes veem-se forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar de um intenso jogo de gato e rato. Em meio a essa luta desesperada, percebem que sua missão vai muito além de recrutar novos seguidores; agora, trata-se de uma batalha pela própria sobrevivência, na qual cada escolha e cada ato de coragem serão cruciais para escapar do perigo que as cerca.