‘Pantera Negra’ fascina do início ao fim

Anunciado no final da ‘Fase 2 do Universo Cinematográfico da Marvel’ em 2014, Pantera Negra enfim estreou nesta quinta (15). É o ultimo filme antes da chegada do colossal Vingadores: Guerra Infinita, que será lançado daqui dois meses. Sem muitas conexões para tal, temos aqui uma obra primordial não só ao gênero heróico e sim à sétima arte.

Apesar de já sermos familiarizados com o personagem após a excelente participação em Capitão América: Guerra Civil, pouco sabíamos a respeito de T’Challa e seu reinado em Wakanda. Interpretado por Chadwick Boseman, conhecemos mais sobre seu fictício país ao mesmo tempo em que precisa assumir o poderoso traje do Pantera Negra.

A direção é de Ryan Coogler (‘Creed’), responsável também pelo roteiro ao lado do novato Joe Robert Cole. O elenco conta com alguns atores conhecidos: Michael B. Jordan, Lupita Nyong’o, Forest Whitaker e Daniel Kaluuya. Não tem como não destacar o fator de que se não todos, mas 99% dos envolvidos na produção são negros. Uma representatividade de sempre difícil idealização hollywoodiana, enfim acontece aqui para quem sabe servir de pontapé a algo muito maior.

Com tudo já encaminhado no UCM chega Pantera Negra; personagem até então desconhecido e precisando saber lidar com tal carga. Além de tudo, é o primeiro herói negro a ganhar uma obra de tamanha abrangência; e isso significa demais. Para nossa sorte e sorte geral, até mesmo ao cinema, recebemos o trabalho mais conciso nessa leva heróica. É um longa exemplar em tudo o que faz, sem abusos ou buracos, funcionando para iniciar e então criar identificação.

Apenas informando, Pantera Negra bateu o recorde de ‘Batman vs. Superman’ de filme com mais vendas prévias lá nos EUA. Bem dizer conquistou aprovação máxima depois das primeiras exibições e vem ganhando grande comoção ao seu favor. Tudo isso sem nem ao menos estrear, cenário favorável que deve aumentar; pois o sucesso deste filme é certeiro.

Pantera Negra é uma produção que foge até demais do “conceito Marvel” de se fazer filmes, que se impregnou recentemente. O que é excelente, pois se distancia da melhor forma possível: com um tom mais sério e sem piadinhas bobas, visual mais adulto, trama bem contada e conectada, vilões decentes e uso magistral de todos os recursos que sustentam um filme.

É talvez a película de melhor utilização dos efeitos especiais até aqui, assim como a de 3D mais significativo. Simplesmente nos deixa incrédulos de como todos os cenários são feitos digitalmente, e tamanhas passagens são computadorizadas, sem demonstrar artificialidade. É lindo de se assistir em vários sentidos, desde o belo toque de direção ao lado de um roteiro acertado de Coogler até atuações realmente convincentes em meio de uma ambientação perfeita.

Não tem como não notar tamanho apelo à cultura africana em todos os aspectos, tão bem recriada e abordada. Uma trilha sonora absurda, comandada por Kendrick Lamar. Um debate racial, mais do que necessário, levantado a todo instante. E tudo isso em prol da negritude, aproveitando o espaço mais do que essencial para transformar um mero filme de herói em uma grande obra contemplativa e funcional.

Só para não dizer que Pantera Negra é totalmente desconexo do restante, alguns rostos familiares ao Universo Marvel estão presentes. O vilão Ulysses Claw (Garra Sônica) interpretado por Andy Serkis está volta como após aparecer em ‘Vingadores: Era de Ultron’. E Martin Freeman retorna no papel do agente americano Everett Ross, o qual interpretou em ‘Capitão América: Guerra Civil’. Fora que, uma questão criada hipoteticamente é bem dizer descartada aqui; a de que a última jóia do infinito apareceria em Wakanda.

Pantera Negra é realmente incrível e fascinante em todas as passagens, tão bem feitas e diferentes do que estamos acostumados. Pode receber certa resistência por não parecer tão heróico quanto deveria, já que explosões e brigas ficam em segundo plano quando há cenários muito mais importantes para serem explorados.

Trailer – Pantera Negra

Por Adalberto Juliatto
15/02/2018 06h30