O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado no Brasil no dia 20 de novembro. Mas por que essa celebração não é feita no dia 13 de maio, quando em 1888 foi abolida a escravidão? Não deveria ser essa a data a ser realmente comemorada? Em vez do dia 20 de novembro, que ninguém sabe que dia é? Não. E aqui vou explicar algumas coisinhas básicas…
No dia 13 de maio de 1888, a Lei Imperial n° 3.353 (mais conhecida como Lei Áurea), foi assinada pela Princesa Isabel. Nesse dia acabava a escravidão formal no país. Por lei, todos os escravos estavam livres. Agora aos ex-escravos era permitido comprar terras, procurar empregos, morar em suas próprias casas e constituir famílias. Uma maravilha! Não importa que, até esse dia, essas pessoas fossem escravas que não recebiam nada pelo “trabalho” feito, sua absoluta maioria era analfabeta e que perdiam vagas de empregos para os brancos e estrangeiros. Isso, claro, foi apenas um detalhe. E o que aconteceu em seguida? Livres, sem empregos, sem terras para plantar ou casa pra morar, muitos escravos libertos decidiram voltar a trabalhar onde trabalhavam, com seus “senhores”. Ali recebiam um salário irrisório que apenas tentava ocultar a situação de escravidão em que voltaram a viver, mas ao menos tinham algo pra comer e lugar onde dormir. Ou seja, no dia 13 de maio de 1888 os escravos foram legalmente libertados, mas não tiveram nenhum auxílio da sociedade para poderem se incluir socialmente de forma justa e digna. É uma data importante? Sem dúvida. É uma data para o negro se orgulhar? Não.
A data para os negros se orgulharem é o dia 20 de novembro porque, nesse dia, em 1695, morria o líder Zumbi, do quilomba dos Palmares. O quilomba dos Palmares era um reino localizado onde hoje é o estado de Alagoas e possuía, em seu auge, tamanho equivalente ao de Portugal e uma população estimada de 20 mil pessoas. Para lá iam os escravos que conseguiam fugir das fazendas e, dentro do quilomba, formavam uma sociedade mais justa, libertária, essencialmente negra e revolucionária contra a coroa portuguesa. Lá viviam da colheita, caça, agricultura e artesanato. Há divergências históricas em relação à organização social interna do quilombo, mas os relatos de quem viveu lá afirmam que a organização era muito similar à encontrada nas populações negras na África. Ou seja, ali eles tentavam retornar à suas origens, sua cultura, suas vidas. A coroa portuguesa e os senhores de engenho de cana-de-açúcar não gostaram muito disso e o resto é História. Por isso o dia 20 de novembro é o dia do orgulho negro. Porque celebra o maior líder revolucionário antiescravidão negro, celebra as dezenas de milhares de pessoas negras que lá viveram e lá morreram lutando pela liberdade.
Mas gente, estamos em 2015 e a Lei Áurea já comemora 127 anos e o Zumbi morreu há 320 anos. Um dia da consciência negra hoje em dia é mesmo necessário? Não somos todos iguais? Humanos? É óbvio que somos todos iguais. Eu e você podemos pensar assim. Mas a sociedade enquanto um todo, não. “As cotas raciais são uma forma de preconceito.”, diz sempre aquela pessoa que nunca precisou de cotas. E por não precisar, acha desnecessário, deixando de pensar naquela pessoa negra, cujos pais são negros, netos de negros e bisnetos e tataranetos de gente que viveu a escravidão. Que, apesar de se verem livres, não tiveram nem uma terra ou uma casa pra iniciar uma vida independente, tendo de voltar aos caprichos dos senhores de engenho. Que, apesar de livres, não tiveram acesso à escola para se alfabetizar, pois a entrada de “pessoas de cor” era proibida. Que, apesar de livres, há apenas 40 anos ainda não podiam casar com pessoas brancas porque era ilegal. Que, apesar de livres, tinham que usar banheiros e bebedouros para negros, pois diziam que eles podiam passar “doenças diferentes e desconhecidas”. Que, apesar de livres, tinham que sentar no fundo dos ônibus, pois a parte da frente era para brancos. E, hoje em dia mesmo, quantas vezes não nos reparamos com o racismo velado, aquele que é quase imperceptível? “Tenho uma inveja branca de você.” É racismo, porque quer dizer que a inveja preta é ruim. “Vou dormir porque amanhã é dia de preto.” É racismo, porque remete à escravidão. “Eu não sou tuas nega.” É racismo, porque diz que, com a mulher negra, tudo é permitido. “Eu sofro de racismo inverso, na escola me chamam de branquelo.” É racismo, porque não existe racismo inverso, porque você branco nunca recebeu salário inferior só por causa da sua cor, porque você branco nunca viu uma pessoa atravessar a rua com medo da sua cor, porque você branco nunca foi abordado por uma viatura de polícia meio-dia ao comprar seu almoço de domingo:
– Onde você mora?
– Naquela esquina.
– E tava fazendo o que aqui?
– Comprando isso, ó, meu almoço. Mas, senhor, posso saber por que estão me abordando?
– Porque teve um assalto aqui perto e a descrição do suspeito bateu com a sua.
– Negro?
– É.
Por isso que sim, celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra é fundamental ainda nos dias de hoje. Porque celebramos todos aqueles que, apesar de livres, nunca tiveram liberdade.
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