“Need for Speed – O Filme” e o delay temporal

Antes de qualquer coisa vamos voltar no tempo, lá no ano de 1994 onde o primeiro grande jogo de corrida livre era lançado: o Need for Speed. Digamos que foi um sucesso estrondoso, já que o sonho de qualquer um é poder controlar milhares de carros famosos em rachas na rua e fugir da polícia. É meio ilegal tal pensamento, mas sempre agradou os viciados em corrida. Agora estamos em 2014 (20 anos após o lançamento do jogo) e enfim lançaram um filme baseado no jogo às telonas: Need for Speed – O Filme.

Que maravilha não é, temos a oportunidade de ver carros caros de verdade correndo e não mais virtualmente. Podemos acompanhar rachas insanos, perseguições velozes e corridas em alta velocidade. Seria um sonho se não houvesse um único porém de que há 13 anos em 2001 era lançado um filme um tanto quanto parecido: Um tal de “Velozes e Furiosos”, que atualmente encontra-se em meados do sétimo filme. Digamos então que existe um problema grave ai de timing cinematográfico. De uma ou outra, ou tentaram lançar o NFS na tentativa de substituir Velozes, ou simplesmente acharam que por ter o nome do jogo ninguém pensaria que se tratava de mais uma cópia barata de Velozes (já que todo ano várias produções horríveis de corrida são lançadas).

Deixando de lado o pequeno problema citado, vamos ao filme e seus acertos / erros. O papel de protagonista foi dado ao ator da moda, Aaron Paul de “Breaking Bad”, que passa o filme todo com a mesma cara e uma atuação bem forçada que chega a desanimar quem assiste. Mas não é só ele, na verdade todas as atuações de todos os atores foram fraquíssimas, uma leve exceção ao rapper Kid Cudi que conseguiu trazer um ar mais leve e cômico à produção.  Aos interessados em “50 tons de cinza”, a intérprete de Anastasia no longa é a Anita aqui, papel  secundário de ex-interesse amoroso do protagonista.

O filme falha nas atuações e graças a isso todas as cenas que deveriam causar algum tipo de emoção são estragadas. A trama não se desenvolve e a história central é muito perdida. São personagens mal utilizados e pouco aprofundados, 2h10 de duração onde quase tudo é só enrolação que não acrescenta em nada ao filme e muitas tentativas de investir onde não dá certo.

Tá, mas o que deu certo então? O que dá certo é exatamente a razão de levar as pessoas ao cinema por este filme: as corridas. E que estranhamente são muito boas e bem feitas, sem sombra de dúvidas os destaques do filme. Outro problema é que são poucos os minutos dedicados a corrida. E quando acontece remete fielmente ao jogo com imagens em primeira pessoa, guias estilo GPS para as ruas (bela sacada de avião dando coordenadas), os carros hiper-caros (alguns que você nunca viu na vida) acelerando ao extremo, os rachas, manobras e até a polícia interferindo.

Corrida era o que todos queriam, mas não só em 10 minutos do filme. Queremos um filme inteiro de corrida, com turbo, armadilhas e perseguições. O que ninguém queria era ter que esperar por 20 anos pra ver Need for Speed nas telonas e notar que nem 1/10 do filme é fiel ao jogo e sim uma tentativa de emplacar um novo “Velozes e Furiosos”. O tempo passou e já não tem como bater de frente com Vin Diesel e companhia, é esperar pra ver se pelo menos em uma possível continuação teremos um filme 100% NFS.

Adalberto Juliatto para o Curitiba Cult

Por Adalberto Juliatto
22/08/2014 17h12