Maria Gadu e o “Podolski da música”

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Curitiba recebeu, na quinta-feira (30), o FEM Live Sessions. Maria Gadu e Ingo Pohlmann se encontraram no palco do Teatro Fernanda Montenegro e se apresentaram para, chutando alto, 300 pessoas – fato curioso, já que a cantora costuma encher o Teatro Guaíra e o Teatro Positivo.

Com vinte minutos de atraso, Pohlmann entrou em cena. Tocou durante mais de uma hora. No começo a plateia parecia empolgada com o gringo, que, apesar de ser alemão, é a representação perfeita do estereótipo americano dos anos 90: visual de Kurt Cobain, voz de Edward McCain, músicas que pareciam uma fusão de Nickelback com Damien Rice. Depois de um tempo as palmas foram diminuindo, as pessoas sussurravam perguntando pela Maria Gadu e o músico, mesmo assim, transbordava empolgação. Fazia piadas sobre os quilos que engordou comendo o brasileiríssimo brigadeiro enquanto seu baterista apreciava uma Skol.

Justiça seja feita: Pohlmann tem uma bela voz e parecia totalmente entregue ao show. Entre suas canções, merece destaque “StarWars”, composta a partir da frase “train yourself to let go of everything you fear to lose”, dita por Yoda. Diferente das demais, todas intimistas, essa era dançante e o público até cantou junto.

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Foto: Jéssica Carvalho/Curitiba Cult

Quando chamou Gadu, a plateia se animou, mas a artista foi mera coadjuvante até que Pohlmann deixasse o palco. Ela não cantava em alemão. Precisou ficar sozinha com sua banda para emocionar verdadeiramente. Cantou “Tudo Diferente”, “Encontro”, “Bela Flor” e outros sucessos. Em “Dona Cila”, iniciada com um belíssimo solo de violoncelo de Federico Puppi, vários fãs derramaram lágrimas.

O espetáculo totalizou 2h30 e as pessoas começaram a ir embora, devido ao cansaço. Foi vergonhoso pensar que, caso Pohlmann tivesse se apresentado por último, o teatro teria ficado quase vazio. A ideia de realizar um show extenso no meio da semana (e começando às 21h, diga-se de passagem) não foi lá muito boa. A iluminação também não ajudava: quando não deixava a banda no escuro, explodia nos olhos dos espectadores.

Gadu não desanimou. Brincou sobre a falta de água em São Paulo, sugerindo que fossem cobrados galões de água como ingressos no próximo show em Curitiba. Mais tarde, recusou um pedido de casamento que foi gritado por uma fã dizendo que não é fácil a ponto de ser comprada com uma garrafa d’água.

Chegando às 3 horas de apresentação, Gadu apontou para a entrada do backstage e anunciou Pohlmann novamente. O músico, no entanto, veio da plateia, de onde assistia ao show. Os dois cantaram “Like a Rose”. Em seguida, a brasileira relatou que ficou confusa durante o processo de escolha do repertório compartilhado, já que as músicas de Pohlmann lhe pareciam iguais. Ele, por outro lado, não hesitou: quis “Shimbalaiê”. Finalizado o monólogo, cantou o refrão ao lado dela, extasiado.

Após agradecerem e deixarem o palco, as pessoas começaram a ir embora, enquanto meia dúzia insistia nos gritos de “bis”. Eles voltaram e pegaram o público quase na porta, mas não pareceram se importar. Entregaram suas versões de “Stand By Me” (Ben E. King) e “Jack Sou Brasileiro” (Lenine). Feliz, Pohlmann gritava “brigadeiro”, agradecia em alemão, ria, pulava. Na fila da saída, alguém definiu: “É o Podolski da música”.

Por Jessica Carvalho
31/10/2014 03h39