Ivete (nem tão) intimista

Ir a um show da Ivete Sangalo é uma excelente experiência antropológica. Isso porque boa parte das manifestações de tietagem já inventadas pelo ser humano são reunidas em um só ambiente. Os fãs levam gritos, presentes, cartazes, câmeras… No Teatro Positivo, onde ela tocou na última quinta-feira (21), a comoção era tanta que demandou o trabalho de uma equipe de segurança reforçada. Só na frente do palco ficavam mais de dez homens. Até parecia remake de “Cidade dos Anjos”.

Sem grandes rodeios, Ivete subiu ao palco e cantou “No Brilho Desse Olhar”. Já na primeira música da setlist ficou evidente o que é que a baiana tem: voz, carisma e uma equipe preparadíssima para fazer com que figurino, iluminação e sonoridade sejam impecáveis em seu espetáculo.

Embora o nome da turnê seja “Ivete Intimista“, ela não cantou baixinho e não houve voz e violão. Foi um show da Ivete de sempre. A Ivete dos trios, que não fica sentada no meio de uma apresentação, mesmo quando há um banco no meio do palco. A diferença, claro, foi o repertório composto por baladas. Mesmo assim, é justo dizer que o clima predominante não era o de romance.

A cantora andou de um lado para o outro e contou várias histórias nos intervalos entre as músicas. Disse, inclusive, que acha que está “gostosa”, mas sua “pochete”, como chama a barriga saliente resultante de sua gravidez, não sai de jeito nenhum. Ouviram-se gargalhadas por todos os cantos.

Os grandes momentos da noite ficaram por conta de “Se eu não te amasse tanto assim”, “A lua que eu te dei”, “Quando a chuva passar”, “Deixo” e “Tempo de alegria”. Nestes os fãs cantaram em uníssono. O ápice se deu quando Ivete foi avisada por sua equipe que tinha acabado de ganhar o Grammy Latino. Ela parou o show para anunciar a vitória na categoria “Melhor Álbum de Pop Contemporâneo” e agradeceu por ocupar lugares privilegiados no cenário musical brasileiro e no coração de cada fã.