Escarificação: parte I

Esses tempos estava lendo uma matéria da National Geographic sobre uma tribo de Papua Nova Guiné, na qual os jovens homens são submetidos a escarificações. A tribo Sepik acredita que um tipo ancestral de crocodilo migrou e se desenvolveu para a atual população humana da região. Os cortes são feitos com pedaços finos de bambu e, quando cicatrizados, representam os dentes do crocodilo que engoliu o espírito do jovem menino e o fez renascer como homem-crocodilo.  Os padrões normalmente são aplicados no peito, nádegas e costas, as cicatrizes representam uma conexão espiritual com os totens e ancestrais da tribo.

Mulher de uma tribo localizada em Djougou, Benin

Mulher de uma tribo localizada em Djougou, Benin

Achei interessantíssimo o resultados desse ritual, e fui pesquisar mais sobre como é realizado esse processo por body mods hoje. Fiquei pasma ao descobrir que existem oito técnicas diferentes para se realizar o procedimento. Para me dar um respaldo profissional, entrevistei o tatuador, piercer e body mod Alexandre Anami, que me esclareceu algumas questões.

Alexandre Anami e trabalho feito há dois anos

Alexandre Anami e trabalho feito há dois anos

Anami trabalha com a técnica de cutting, feita com o bisturi, onde a incisão é de aproximadamente 3 mm de profundidade, e pode contar com remoção parcial de tecido ou somente cortes. “Como não há um curso específico para escarificação, a formação do profissional é baseada em experiências, sendo assim, como na tatuagem, o importante é conhecer o trabalho do profissional e ver procedimentos já cicatrizados, isso já diz muito se o body mod está apto ou não a fazer a scar”.

Alexandre também chama a atenção para o ambiente em que o procedimento será realizado: “O ambiente para perfuração é tão importante quanto o para qualquer outro procedimento, por isso é utilizada a sala de piercing para a realização da scar, no mesmo nível de limpeza e esterilização”.

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Procedimento recém feito e depois de cicatrizado

Sobre os cuidados, Anami explica que o cliente deve pensar no resultado que espera: “Dependendo do objetivo, o cliente deverá remover a secreção que é criada todos os dias com vinagre e sal, retardando a cicatrização e causando uma leve queimação, isso resulta em uma hipercicatrização – queloide.  No caso de uma scar leve os cuidados são parecidos com os de uma tatuagem, evitar comidas gordurosas, carne de porco e frutos do mar e deixar as casquinhas do ferimento caírem sozinhas”.

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Scar cicatrizada

Não existem contraindicações para a realização do procedimento, pessoas com tendência a queloide normalmente procuram essa técnica justamente pelo característico processo de hipercicatrização.

Quem se interessar pelo trabalho do Alexandre pode entrar em contato pelo Instagram do artista ou pelo WhatsApp, (11) 98148-8574.

Por Tamy Antunes
21/10/2015 16h28