Crítica – Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Dawn of Justice)

Coloque-se no lugar de um diretor que está prestes a assumir uma franquia cinematográfica com personagens que são adorados há mais de seis décadas. Zack Snyder, ao aceitar este fardo, teve que optar entre fazer feliz os críticos de cinema ou os fãs de quadrinhos. Parece fácil descobrir o caminho tomado pelo diretor.

Antes mesmo da sessão começar, Snyder aparece na tela e dá um recado aos jornalista da cabine: “por favor, não revelem o enredo ou as reviravoltas do roteiro. Evitem dar spoilers, para que outras pessoas tenham a mesma experiência que você está tendo agora: assistir ao filme sem ter recebido previamente informações reveladoras sobre o longa”. Atendendo ao pedido do diretor, esta é uma crítica livre de spoilers. Mas, antes de ir para o filme, é impossível falar de Batman vs Superman sem antes retomar o que estes representam na cultura pop. Então, vamos relembrar:

O primeiro filme do Superman estreou em 1948, ainda em preto e branco e com poucos recursos de produção. 30 anos depois, Richard Donner assumiu a direção de “Super-Homem – O Filme,” com Christopher Reeve no papel de Clark Kent, que culminou em uma quadrilogia de sucesso, encerrada em 1987. Para matar a saudade do kryptoniano, Bryan Singer (X-Men) dirigiu “Superman – O Retorno”, sendo esta a última adaptação cinematográfica do herói até Zack Snyder tranformar o Super-Homem em “O Homem de Aço“, estrelado por Henry Cavill.

Falar sobre o Batman talvez seja ainda mais fácil, já que a trilogia de Christopher Nolan foi concluída há menos de quatro anos. Após o primeiro Batman, de Tim Burton, e outras tentativas frustradas de outros diretores em representar com dignidade o homem-morcego, Christopher Nolan trouxe às telas “Batman Begins”, “O Cavaleiro das Trevas” e “O Cavaleiro das Trevas Ressurge” – filmes densos e de mais profundidade, que se levavam a serio. O Batman de Nolan foi para o Universo Cinematográfico DC, o que X-Men foi para o Universo Marvel: filmes de heróis sendo levados a sério.

Como foi apontado, a origem destes heróis foi retratada tantas e tantas vezes no cinema que Snyder não pensou duas vezes antes de destinar 50% do filme às motivações dos personagens e o outro 50% à ação. Em alguns momentos, essa falta de tempo para explicar todos as facetas do herói parece um trato entre o diretor e os fãs de quadrinhos, que percebem em tela algumas ações que não são explicadas no longa, mas que podem ser facilmente entendidas por quem acompanha o Filho de Krypton e o Morcego de Gotham (agora interpretado por Ben Affleck) há mais tempo.

Para os amantes das histórias em quadrinhos, os momentos mais emocionantes do longa são as referências inesperadas ao universo DC – como viagens no tempo e meta-humanos -, além da participação da Mulher-Maravilha (Gal Gadot), The Flash (Ezra Miller), Cyborg (Ray Fisher) e Aquaman (Jason Momoa).

Batman vs Superman cumpre o prometido em seu título: apresenta uma batalha de grande proporção entre os protagonistas e introduz a origem da Liga da Justiça, mesmo que rapidamente. Infelizmente, o que não é cumprido é o 3D, que mais uma vez não foi utilizado como linguagem cinematográfica e se faz desnecessário à narrativa. O mesmo para a utilização de câmeras IMAX, que apenas em duas cenas justificou a razão de aspecto mais ampla.

Batman vs Superman: A Origem da Justiça estreia amanhã (24), e continuação do longa, “Liga da Justiça”, já foi confirmada e começará a ser rodada no próximo dia 11 de abril.

Por Rafael Alessandro
23/03/2016 21h34