Cinema e futebol: tabelinha antiga no Brasil

Futebol e cinema tem o poder de fascinar telespectadores ao redor do mundo. Já falei inclusive sobre essa paixão em uma outra coluna, citando o que, para mim, foi um dos maiores documentários sobre o esporte mais popular do Brasil.

Onde começou essa paixão não se sabe ao certo. Mas uma das ferramentas mais importantes para difundir o sentimento foi, sem dúvida, o cinema. Em uma época onde a televisão ainda engatinhava, era o Canal 100 que trazia a emoção dos principais lances do futebol pelo país, em especial o eixo Rio-São Paulo.

Quando eu comecei a ir mais ao cinema, infelizmente, os cinejornais já estavam tão extintos quanto os cinemas de rua em Curitiba. A extinção dos cinejornais se deu ainda durante o governo Figueiredo que proibiu a propaganda comercial em cinejornal.

Ainda assim, na extinta TV Manchete, um Milton Neves ainda desconhecido nacionalmente do público da televisão apresentava aqueles vídeos históricos com lances inesquecíveis do futebol de outrora.

O cinejornal relatava assuntos cotidianos como quem era destaque na sociedade, eventos importantes da política, personalidades em destaque na semana… Mas foi o futebol que se notabilizou na produção cinematográfica. As razões do sucesso são várias, mas destaco as mais simples.

Primeiro não se faz um bom filme sem uma boa trilha sonora. O clássico “Na cadência do samba”, conhecido nas bocas pelo seu refrão “Que bonito é…”, era quem embalava a trilha das imagens. Segundo, no caso de um cinejornal, uma boa locução. E a voz que dava crediblidade às notícias era de um certo cidadão de Taubaté que, anos depois, ficaria 27 anos à frente do telejornal mais assistido do país. Cid Moreira era quem trazia as informações. Somado ao cuidado que havia com o texto, dava aos relatos algo ainda mais sensacional. E por último, mas não menos importante, o cuidado com as imagens. Seja pela filmagem impecável da equipe de Francisco Torturra, seja pelo cuidado com a edição.

Foi o Canal 100 que, nas palavras de Nelson Rodrigues, “inventou uma nova distância entre o torcedor e o craque, o torcedor e o jogo”. Graças a esse cinejornal que a mágica do jogo ganhou uma nova dimensão. E deu a dimensão verdadeira de arte a esse esporte que ainda dá tantas emoções, faz nascer e florescer novas paixões todos os dias. Não por acaso, no Museu do Futebol em São Paulo há uma pequena parte do acervo permanente dedicada apenas a ele.

Ficou curioso para saber mais do Canal 100? É só clicar aqui e viajar pela história desse importante veículo de comunicação do cinema nacional.

Por Cássio Bida
14/05/2015 11h06